O maior conteúdo digital de cultura regional do país
Registro das artes e culturas da Paraíba
O maior conteúdo digital de cultura regional do país
Registro das artes e culturas da Paraíba
Data de publicação do verbete: 28/08/2015

Zé Ramalho

Cantor, compositor e instrumentista. Sua obra é inspirada na literatura de cordel e nos ritmos nordestinos dos cantadores, repentistas e rabequeiros.
Data de publicação: agosto 28, 2015

Naturalidade: Brejo do Cruz – PB / Radicado no Rio de Janeiro

Data de nascimento: 03 de outubro de 1949.

Site: http://www.zeramalho.com.br/

Atividades artístico-culturais: Cantor, compositor e instrumentista.

José Ramalho Neto, conhecido pelo nome artístico de “Zé Ramalho”. Filho de Antônio de Pádua Pordeus Ramalho e Estelita Tores Ramalho, ele seresteiro e ela professora. Morou em Brejo do Cruz até 1951 quando perdeu o seu pai, que morreu afogado em um açude, o seu avô José Alves Ramalho o pegou para criar, e daí que vem a pronúncia Avôhai (Avô e Pai) o próprio Zé diz que este nome foi lhe soprado por entidades extraterrestres ou sensoriais 20 anos depois.

Zé também foi criado por sua avó Soledade e suas tias, Maria Madalena (sua primeira professora), Inês, Terezinha (Tetê), Zélia e pelo tio Nonato Ramalho. Seu avô dede cedo o ensinou amar os bichos e a natureza, a respeitar as pessoas e nunca passar por cima delas em hipótese alguma para poder atingir os seus objetivos. Seu avô deu a todas as filhas formação superior e ao seu neto lhe possibilitou que estudasse nos melhores colégios. Zé sempre gostou de estudar; e a partir do segundo grau é que começou os seus contatos com a música, primeiro com os violeiros da região, e familiarizado com os cordéis ele mesmo passou a compor músicas.

Desde cedo ele gostou de literatura greco-romana, daí o fato de suas músicas serem sempre cheias de citações bíblicas e greco-romanas. Aprendeu com facilidade escrever em decassílabos, daí começou a compor usando esta forma que é chamada de “Martelo Agalopado” pelos repentistas do Nordeste. Zé em meados dos anos de 1960 transfere-se para a cidade de João Pessoa para estudar medicina, sonho do seu avô, que queria um médico na família. A partir daí começa a participar de bandas baile, da Jovem Guarda. Suas influências eram: Renato Barros, Leno e Lilian, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, o grupo Golden Boys no Brasil, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd e Bob Dylan, entre outros artistas consagrados.

Em 1974, ele sai da Paraíba rumo à cidade maravilhosa com o intuito de engrenar de vez a sua carreira musical, levando a tiracolo uma seleção de músicas para gravar seu primeiro trabalho o disco “Acetato de Mercúrio”.

Lá fazia parte da banda de Alceu Valença também em início de carreira, com o show “Vou Danado pra Catende”, no grupo musical ele tocava viola, e neste show ele cantava uma composição de sua autoria (Jacarepaguá Blues).

Zé lança seu primeiro Disco (Paêbiru) juntamente com Lula Côrtes, Paulo Rafael, Geraldo Azevedo e Alceu Valença pela Gravadora Rozenblit da cidade do Recife com o selo Mocambo, onde tocava vários instrumentos; o disco é dividido nos elementos, Água, Terra, Fogo e Ar. Este disco foi gravado em 2 canais e falava na Pedra do Ingá, um rochedo coberto de misteriosas e indecifradas inscrições. Este álbum nunca foi lançado comercialmente e grande parte das cópias arrastadas pelas águas do Capibaribe na enchente de 1974.

Neste tempo a vida para Zé Ramalho era muito difícil, chegando mesmo a dormir na praça (literalmente) e trabalhava em uma gráfica.

Neste mesmo ano participa da trilha sonora do filme “Nordeste: Cordel, Repente e Canção” da cineasta Tânia Quaresma. A cineasta queria que o Zé fosse o diretor musical do documentário. Ele foi à caça de cantadores e violeiros da região para a escolha do material do filme e com isso acendeu a paixão pelos cantadores nordestinos.

No ano de 1982, Zé Ramalho escreve o livro “Carne de Pescoço”. Onde reuniu vários escritos feitos em quartos de hotéis pelo Brasil afora, diz Zé “Numa solidão danada. Sentia uma compulsão incrível, então não parava de escrever. É uma espécie de música total. Vários parceiros (Fagner, Jorge Mauther, Robertinho do Recife e eu mesmo) apareceram através dos versos desse livro. O livro não se encontra nas livrarias. Foi parte do acervo de renovação de contrato com a CBS”.

Em 2012, lançou o seu primeiro disco de inéditas em cinco anos, Sinais dos Tempos, por meio de sua nova gravadora própria, Avôhai Music.

No dia 22 de setembro de 2013, tocou ao lado da banda de metal Sepultura no palco Sunset do Rock in Rio 2013, no espetáculo que foi chamado de “Zépultura”. O show foi bastante elogiado pela crítica, e agradou ao público presente.

Em novembro de 2014, Zé lançou um álbum ao vivo colaborativo com o cantor e violonista Fagner, intitulado Fagner & Zé Ramalho Ao Vivo.

2016 foi marcado por Zé Ramalho tocar pela primeira vez com uma Orquestra Sinfônica no teatro A Pedra do Reino, de forma a comemorar o aniversário da cidade de João Pessoa. O álbum foi intitulado como Zé Ramalho Sinfônico – Ao Vivo.

Em 2017 houve um lançamento do Box “Zé Ramalho Anos 70”, ao qual teve referências de seu primeiro disco “Paêbiru”. Além de lançar Atlântida, álbum que recupera um show de 1974, quatro anos antes de Zé Ramalho se tornar um sucesso.

Em 2018 foi lançado o álbum “Zé Ramalho na Paraíba” ao vivo nas versões CD e DVD, que contém os principais sucessos da carreira de Zé, no Teatro A Pedra do Reino.

No dia 03 de outubro de 2019 foi lançado o segundo disco e CD da carreira de Zé Ramalho “Cine show Madureira-1979” em parceria com o selo Discobertas, de Marcelo Froés.  Zé Ramalho no álbum “A peleja do diabo com o dono do céu” revira suas obras construídas há mais de quatro décadas.

Em depoimento dado a Jorge Salomão em 1998,  Zé Ramalho relembra a sua trajetória artística “Eu vim de Brejo do Cruz e tem uma montanha de pedra nessa cidade onde nasci. Morei em Campina Grande, depois fui para João Pessoa, onde tive oportunidade de ouvir rádio. Daí surgiu a vontade de tocar violão ouvindo Vital Farias, compositor que tocava guitarra no conjunto Os Quatro Loucos, em João Pessoa. Uma vez tive uma visão incrível: Os Quatro Loucos tocando na praça e Vital Farias tocava uma guitarra vermelha. Achei aquilo tão bonito”.

O artista aprendeu a tocar violão vendo os outros tocarem ele diz “Vendi um violão para comprar uma guitarra nacional, Giannini. Era a marca que tinha na época. Passei a ser guitarrista solo. Passei a tirar, cópias solos de muitos grupos, a ter habilidades com o instrumento. Quando larguei a guitarra, descobri as violas do Sertão. Fiz imediatamente uma mistura, de forma a fazer aqueles solos com cordas dobradas. Foi uma mudança radical”.

Zé Ramalho recebeu uma grande influência dos cantadores de viola, ele enfatiza “Quando passei a tocar violão descobri o universo do Sertão do Nordeste. Passei a me interessar pelos cantadores, violeiros, o que foi fundamental para mim. Descobri a forma como eles escrevem os folhetos de cordel. Estudei ao lado deles. Eu estava a fim de mergulhar nesse universo, pois sabia que era muito importante para mim. Logo depois comecei a absorver aquela escrita, comecei a fazer as minhas primeiras letras”.

Segundo o artista a leitura de livros esotéricos, poesia, Carlos Castañeda e discos voadores, eram os que mais lhe interessava. Ele diz “Absorvi muita coisa disso tudo no meu trabalho”.

O artista acrescenta “Minha posposta era fazer uma coisa diferente, no sentido das ideias, criar situações, criar imagens com as letras e com o máximo de alucinação possível. Avôhai, por exemplo, tem a descrição de viagem na própria letra da música”.

Zé Ramalho desabafa “É muito difícil você manter o talento num país como o Brasil, não por falta de condições, pois hoje a tecnologia aproxima mais. E pela selvageria da mídia”.

Ele acrescenta “Sou de uma geração privilegiada, madura de vivências múltiplas. Vou viver a passagem do milênio. Sou fascinado por avanço, acho isto muito inspirador: imaginar espaços, outros mundos, outras criaturas, a amplidão. Isto tudo me inspira muito”.

E assim Zé Ramalho vem construindo sua obra, inspirada na literatura de cordel e nos ritmos nordestinos dos cantadores, repentistas e rabequeiros. No cinema, nas histórias em quadrinhos, nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e na mitologia; alinhavando tudo com seu jeito único de se apresentar para seu público no Brasil e fora do país.

Zé tem uma maneira própria de cantar (com sua voz cavernosa), e compor como se estivesse narrando, e em suas composições remetem-nos a imagens, ritmos e tendências diversas.

Depoimentos/falas do artista Zé Ramalho/ foram dados a Jorge Salomão, no dia 17 de Fevereiro de 1998/Jerimum Produções, Rio de Janeiro.

 

TELE-TEMAS

Algumas das obras de Zé Ramalho foram utilizadas como temas de novelas e casais, os mais recentes são: 

2016 – “Avôhai”, tema de Êta Mundo Bom!

2016 – “Chão de giz” tema de Maurício e Beatriz “Justiça”

2017 – “Garoto de aluguel”, tema de “O Outro Lado do Paraíso”

2018 – “Canção agalopada”, “Frevo mulher” e “Jardim das Acácias”, temas de Onde Nascem os Fortes.

2019 – “Entre a Serpente e a Estrela (Amarillo By Money)”, tema de O Sétimo Guardião.

 

Fontes:

http://ramalheando.blogspot.com.br/2008/02/biografia.html

http://musica.com.br/artistas/ze-ramalho/biografia.html

http://www.letras.com.br/#!biografia/ze-ramalho

http://www.vagalume.com.br/ze-ramalho/biografia/

Pesquisador: José Paulo Ribeiro, e-mail: zepaulocordel@gmail.com

https://pt.wikipedia.org/wiki/Z%C3%A9_Ramalho

http://www.zeramalho.com.br/sec_news.php?page=1&id_type=2&id=27

http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2016/08/ze-ramalho-toca-com-sinfonica-da-pb-em-aniversario-de-joao-pessoa.html

http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/capa-de-lp-com-o-primeiro-show-solo-de-ze-ramalho-expoe-cartaz-da-epoca.html

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Z%C3%A9_Ramalho

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *