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Data de publicação do verbete: 12/12/2016

Tomás Santa Rosa

Ilustrador, pintor, cenógrafo, artista gráfico, decorador, figurinista, crítico de arte e professor. O paraibano é considerado o pai da cenografia no Brasil.
Data de publicação: dezembro 12, 2016

Naturalidade: João Pessoa – PB

Nascimento: 20 de setembro de 1909 / Falecimento: 29 de novembro de 1956

Formação: Bacharelado em Ciências e Letras (1931)

Atividades artístico-culturais: Ilustrador e pintor

Atividades exercício-profissional: Cenógrafo, artista gráfico, decorador, figurinista, crítico de arte e professor.

Tomás Santa Rosa Júnior se interessou pelas artes desde criança, quando com apenas cinco anos de idade começou a pintar as paredes da casa onde morava. Aos nove anos, o governador da Paraíba, Camilo de Holanda, ficou impressionado com o talento do garoto, a ponto de propor que ele fosse estudar na Europa, mas sua mãe não deu permissão para que a viagem acontecesse.

Aos 14 anos, entrou para o serviço público, trabalhando em uma repartição do governo localizada próximo ao Colégio Liceu Paraibano, onde o jovem artista concluiu o Curso Comercial e o bacharelado em Ciências e Letras. Em 1931, após terminar os estudos, se mudou para Salvador, na Bahia, onde trabalhou como contabilista do Banco do Brasil e depois foi transferido para as cidades de Maceió, em Alagoas e Recife, em Pernambuco.

Em 1932, influenciado pelo sonho de aperfeiçoar seu talento nas artes plásticas, Santa Rosa abandonou o emprego e se mudou para o Rio de Janeiro, onde morou dividindo um quarto com o escritor José Lins do Rêgo. Autodidata, o artista desenvolveu suas habilidades estudando pintura, ilustração, diagramação, cenografia e figurino. Era especialmente fascinado pelas obras de Portinari, de quem se tornou amigo e trabalhou auxiliando no acabamento de vários murais. A admiração pelo pintor influenciou muitos de seus trabalhos.

No ano de 1933, começou a trabalhar como ilustrador de livros para a Ariel Editora, nas obras “Cacau” e “Suor”, de Jorge Amado; “Caétes”, do escritor Graciliano Ramos; “Urugungo”, de Raul Bopp; “Doidinho”, de José Lins do Rêgo; e “Curiango”, de Afonso Schmidt. Além disso, colaborou com os periódicos Sua Revista e Rio Magazine. Santa Rosa assumiu um importante papel nas artes gráficas, sendo o precursor no ensino do layout no Brasil e renovando a editoração de jornais e revistas nacionais.

No ano seguinte, passa a ilustrar publicações da Editora José Olympio, função que exerce até 1954. Nesse período, faz imagens e capas para diversos livros de escritores consagrados, entre eles “Menino de Engenho”, “Banguê”, “Fogo Morto” e “Cangaceiros”, de José Lins do Rêgo; “Macunaíma”, de Jorge Amado; “São Bernardo”, “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”, de Graciliano Ramos; “Poesias” e “A Rosa do Povo”, de Carlos Drummond de Andrade; “Sagarana”, de João Guimarães Rosa; “Os Irmãos Karamázovi”, de Fiódor Dostoiévski; entre outras importantes obras da literatura brasileira.

Tomás Santa Rosa é considerado o pai da cenografia no Brasil. Suas primeiras criações foram feitas em 1937, com “Ásia”, de Lenormand; “Uma Loura Oxigenada”, de Henrique Pongetti, dirigida por Eduardo Vieira; e “Anna Christie”, de Eugene O’Neill.

Em 1938, fundou o Grupo de Teatro Os Comediantes, em parceria com a atriz Luiza Barreto Leite e o diretor Jorge de Castro. Fez a cenografia para o primeiro trabalho da companhia, em “A Verdade de Cada Um”, de 1940, que foi escrita por Luigi Pirandello e dirigida por Adacto Filho.

No ano de 1941, o grupo teatral passa a ser dirigido pelo polonês Ziembinski, responsável por cenografias marcantes da dramaturgia nacional. Santa Rosa trouxe para a companhia ideias inovadoras, como a de usar a iluminação como um complemento das ações cênicas. No ano seguinte, fez a cenografia para a peça “Orfeu”, de Jean Cocteau, e “As Preciosas Ridículas”, escrita por Molière e dirigida por Ziembinski.

Em 1943, o artista paraibano cenografou um dos trabalhos mais marcantes do grupo teatral Os Comediantes, na montagem “Vestido de Noiva”, escrita por Nelson Rodrigues e dirigida por Ziembinski. A obra é considerada o marco do surgimento do teatro brasileiro moderno. Para esse espetáculo, Santa Rosa criou um espaço cênico em dois níveis, com elementos que representavam a realidade, a memória e a alucinação. De acordo com a crítica especializada, a peça não teria obtido tanto sucesso sem a primorosa cenografia utilizada.

Assumiu, em 1945, o cargo de crítico de arte no Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, e fundou o jornal A Manhã, em parceria com Jorge Lacerda, além de trabalhar em outros periódicos. No ano seguinte, coordenou o curso de Desenho e Artes Gráficas da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro (FGV-RJ) e foi professor na Escola Nacional de Belas Artes e no Museu de Arte Moderna (MAM-RJ), onde também dirigiu o Departamento de Teatro, em 1953.

Nos anos de 1952 a 1954, integrou a Comissão Nacional de Belas Artes, dirigiu o Conservatório Nacional de Teatro e recebeu uma Medalha de Ouro da Associação Brasileira de Críticos de Arte do Rio de Janeiro (ABCA-RJ) por seu talento na cenografia das peças “Vestido de Noiva”, “A Morte do Caixeiro Viajante” e “Senhora dos Afogados”.

Santa Rosa colaborou com o Teatro Experimental do Negro (TEN), onde se destacou nos espetáculos Recital Castro Alves (1947); Terras do Sem-fim, de Jorge Amado (1947); O Filho Pródigo (1947), de Lúcio Cardoso; A Família e a Festa na Roça (1948), de Martins Pena; Aruanda (1948), de Joaquim Ribeiro; e Filhos-de-Santo (1949), de José Moraes Pinho.

O artista se dedicou, também, à pintura, mostrando toda a sua versatilidade e conciliando essa arte com as outras atividades que exerceu. Algumas de suas principais referências foram as obras de Pablo Picasso e de Portinari, com quem se parecia na abordagem de temas sociais, como nos quadros “Baianas” e “Pescadores”, feitos no ano de 1943, além de em “As Três Meninas”. Algumas telas de Santa Rosa revelam a admiração do pintor pela metafísica, como na obra “Paisagem Metafísica”, de 1937.

Entre as inúmeras exposições das quais participou, estão o Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (1944), onde ganhou uma Medalha de Prata; Um Século de Pintura Brasileira, no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (1952); II Bienal Internacional de São Paulo (1953); Salão Preto e Branco, do III Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1954); e Arts Primitifs et Modernes Brésiliennes, no Museu de Etnografia de Neuchâtel, Suíça (1955).

Em 1956, representou o Brasil na Conferência Internacional de Teatro, realizada em Bombaim, na Índia, país onde visitou centros artísticos e várias cidades. Durante a viagem, Santa Rosa adoeceu, foi hospitalizado e faleceu de forma súbita no dia 27 de novembro, em Nova Déli, deixando uma eterna lacuna na arte brasileira. No ano de 1957, o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE) adquiriu seu acervo pessoal para fundar o Museu Santa Rosa, que foi fechado em 1977.

Após sua morte com apenas 47 anos de idade, as obras do artista paraibano foram expostas em diversas mostras nacionais, entre as quais se destacam a Exposição de Artes Gráficas de Tomás Santa Rosa, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1958); Retrospectiva, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (1975); Do Modernismo à Bienal, no Museu de Arte de São Paulo (1982); Santa Rosa, Carnaval e Figurinos, na Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) de São Paulo (1985); 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal (1989); e Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal de São Paulo (1994).

No exterior, suas obras já foram apresentadas na Exposição Arte Moderna em Brasil, realizada nas cidades de Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru), Rosário (Argentina) e Santiago (Chile), no ano de 1957; Exposição de Artistas Brasileiros, em Casablanca (Marrocos) no ano de 1962; Brasil 60 Anos de Arte Moderna, em Londres (Inglaterra) e Lisboa (Portugal), em 1982; e na Mostra Brasil-Brasis: Cousas Notáveis e Espantosas, exibida no Museu do Chiado na cidade de Lisboa (Portugal).

Fontes:

http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/cenario-e-figurino/biografia-de-santa-rosa/

https://www.escritoriodearte.com/artista/santa-rosa/

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa5506/santa-rosa

http://brasileiros.com.br/2016/05/poetica-visual-de-tomas-santa-rosa/

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/santa_rosa

http://www.geledes.org.br/tomas-santa-rosa/#gs.Z2sOalI

https://www.guiadasartes.com.br/tomas-santa-rosa-junior/principais-obras

http://artesvisuaisparaiba.com.br/artistas/santa-rosa/

http://designsemsobrenome.blogspot.com.br/2013/06/santa-rosa-um-design-servico-da.html

http://formasemeios.blogs.sapo.pt/762762.html

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