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Data de publicação do verbete: 20/10/2015

Silvino Pirauá

Cantador e poeta popular. É lembrado na história de nossa literatura de cordel, por seu pioneirismo. Recebeu o cognome “O Poeta Enciclopédico”.
Data de publicação: outubro 20, 2015

Naturalidade: Patos-PB

Ano de nascimento: 1860 / Falecimento: 1913

Atividades artístico-culturais: Cantador e poeta popular

Folhetos de sua autoria: Desafio de Zé Duda com Silvino Pirauá (16 p.); História de Crispim e Raimundo (1909); História do capitão do navio (16 p.); História de três irmãs que queriam casar com um rapaz só (12 p.); História de Zezinho e Mariquinha, A vingança do sultão; Descrição da Paraíba, entre outros.

Silvino Pirauá de Lima Iniciador do romance em versos, e nome de grande destaque na história da literatura popular do Nordeste brasileiro. Ele nasceu na próspera Vila de Patos, sede da Freguesia de Nossa Senhora da Guia, em 1848. Filho de agricultores, teve uma infância pobre e distante da escola. No entanto, possuidor de uma grande vivacidade, cedo aprendeu a versejar.

Tocador de viola admirável e repentista exímio, considerado o mais notável de todos os discípulos do famoso repentista Francisco Romano, do Teixeira, de quem era grande amigo, Silvino Pirauá foi depois de seu mestre, o maior cantador do Nordeste. Venceu inúmeros cantadores, jamais foi vencido.

Silvino Pirauá foi um grande de violeiro, que soube honrar as lições do mestre, e sempre cultuou a sua memória. Glosador e poeta popular, ele viveu a primeira fase de sua vida, cantando pelas feiras livres do Sertão Paraibano.

O artista popular era irmão do também cantador José Martins. Silvino era um poeta andarilho. Ele vivia exclusivamente de sua arte e rimava para arranjar o pão. Na companhia de seu discípulo Josué Romano, anualmente percorria os Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco, cantando nas feiras do interior.

Em 1898, fugindo dos efeitos maléficos de uma grande estiagem, que assolava o Sertão Paraibano, deixou a Vila de Patos e transferiu-se para Recife, onde fixou residência num bairro pobre e passou a exercer seu ofício, cantando nas feiras e praças da capital pernambucana.

Foi nessa época, que levado por dificuldades econômicas, iniciou a publicação de seus versos, tornando-se o percussor do romanceiro popular. Silvino era um homem pobre, a exemplo da maioria dos cantadores nordestinos. Falecendo sua esposa, “ele não tendo dinheiro, foi cantar, a firma de ganhar o necessário para fazer o enterro”.

Foi na capital pernambucana, que Silvino Pirauá consagrou-se como poeta e cantador de viola. Formando parceria com José Galdino da Silva Duda e posteriormente com o cantador pernambucano Antônio Batista Guedes (seu discípulo), percorreu as mais importantes feiras do interior nordestino, cantando e vendendo folhetos, difundindo a Literatura de Cordel.

Possuidor de uma memória prodigiosa, Silvino Pirauá tinha conhecimentos rudimentares de Geografia, História Universal e Sagrada. Cognado por seus colegas como ‘o Poeta Enciclopédico’, celebres são suas ‘descrições’ sobre a Paraíba e o Amazonas.

Essa descrição do Amazonas, feita por Silvino Pirauá de Lima foi baseada nas informações fornecidas pelo seu conterrâneo Silvino Lustosa Cabral, aventureiro, senhor e proprietário do seringal “Redenção”, no alto Juruá, em território acreano. Lamentavelmente, essa longa descrição perdeu-se com o tempo. Apenas se conhece os versos esparsos, transcritos pelo professor Alfredo Lustosa Cabral, em seu livro “Dez anos no Amazonas”.

Nela, o “poeta enciclopédico”, fala sobre os peixes, bichos da selva, aves e árvores. Em meados de 1913, Silvino Pirauá encontrava-se cantando em Bezerros, no interior de Pernambuco, quando contraiu varíola e prematuramente faleceu, aos 53 anos de idade. À semelhança de muitos cantadores, era tido como um indivíduo jogador e mulherengo.

Silvino Pirauá escreveu e publicou inúmeros folhetos, entre os quais, os mais conhecidos são: História do Capitão do Navio e Peleja da Alma, Verdadeira Peleja de Francisco Romano e Inácio da Catingueira, A Vingança do Sultão, As Três Moças que Quiseram Casar com um só Moço, História do Capitão do Navio, História de Zezinho e Mariquinha, Desafio de Zé Duda com Silvino Pirauá, Descrição da Paraíba, E Tudo Vem a Ser Nada, Descrição do Amazonas, História de Crispim e Raimundo e Peleja da Alma. Esta, transcrita por Rodrigues de Carvalho, em seu Cancioneiro do Norte.

Os romances de Pirauá, que, ao longo dos tempos vinha sendo “reeditados e consumidos pelo homem do campo”, hoje, juntamente com a obra de Leandro Gomes de Barros e outros expoentes da Literatura de Cordel, a exemplo de Patativa do Assaré, são objetos de estudos nos meios universitários.

Poeta original, iniciador do romance em versos, no Brasil, embora não lhe caiba a maior glória de nosso romanceiro popular, Pirauá é lembrado na história de nossa literatura de cordel, por seu pioneirismo.

Por mais e cem anos, seus romances “vêm sendo reeditados e consumidos”.

Criador de mitos e inventor de pelejas fictícias, Silvino Pirauá de Lima foi “um gênio no universo sócio-cultural”. Em sua produção, abordou os mais variados temas, dando uma grande contribuição à literatura popular nordestina. Lamentavelmente, é um nome ignorado na cidade, que lhe serviu como berço.

 

Confira um trecho do cordel “E Tudo Vem a Ser Nada”, do cordelista Silvino Pirauá de Lima:

Tanta riqueza inserida

Por tanta gente orgulhosa,

Se julgando poderosa

No curto espaço da vida;

Oh! que idéia perdida.

Oh! que mente tão errada,

Dessa gente que enlevada

Nessa fingida grandeza

Junta montões de riqueza,

E tudo vem a ser nada.

Vemos um rico pomposo

Afetando gravidade,

Ali só reina bondade,

Nesse mortal orgulhoso,

Quer se fazer caprichoso,

Vive até de venta inchada,

Sua cara empantufada,

Só apresenta denodos

Tem esses inchaços todos

E tudo vem a ser nada.

Trabalha o homem, peleja

Mesmo a ponto de morrer,

É somente para ter,

Que ele tanto moureja,

As vezes chove e troveja

E ele nessa enredada

À lama, ao sol, ao chuveiro,

Ajuntam tanto dinheiro,

E tudo vem a ser nada.

Confira este e outros cordéis de Silvino nos links:

http://www.jornaldepoesia.jor.br/pirau.html

http://docvirt.com/docreader.net/docreader.aspx?bib=CordelFCRB&pasta=Silvino%20Piraua%20de%20Lima&pesq=

Fontes:

http://www.construindoahistoria.com.br/2011/02/silvino-piraua-de-lima.html

http://acordacordel.blogspot.com.br/2013/01/obra-prima-de-silvino-piraua-de-lima.html

http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/SilvinoPiraua/silvinoPiraua_biografia.html#

http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/SilvinoPiraua/silvinoPiraua_acervo.html

Pesquisador: José Paulo Ribeiro, e-mail: zepaulocordel@gmail.com.

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