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Data de publicação do verbete: 01/11/2016

Severino Araújo

Músico, compositor, maestro e clarinetista. Foi regente da Orquestra Tabajara, por 74 anos. Um dos pioneiros na fusão de elementos do jazz e do choro na música brasileira.
Data de publicação: novembro 1, 2016

Naturalidade: Limoeiro – PE / Radicou-se em João Pessoa – PB

Nascimento: 23 de Abril de 1917

Falecimento: 3 de Agosto de 2012, Rio de Janeiro (RJ).

Atividades artístico – culturais: Músico, compositor, maestro e clarinetista.

Severino Araújo de Oliveira assumiu aos 21 anos a regência da Orquestra Tabajara, e foi regente por 74 anos. O maestro foi um dos pioneiros na fusão de elementos do jazz e do choro na música brasileira, bem como na criação de arranjos para Big Band de músicas dos mais variados ritmos. Começou a estudar com o pai, que era mestre de banda militar e também dava aulas de música, na época estava com seis anos de idade. Aos oito anos, já conhecendo todas as técnicas de solfejo, tomava as lições dos alunos de seu pai, que eram bem mais velhos do que ele, além de ensinar-lhes técnicas musicais.

O artista fez seu primeiro arranjo para a Banda Municipal de Chã de Rocha, do interior da Paraíba, aos 12 anos, O grupo musical era regido por seu pai, José Severino de Araújo, conhecido como “Mestre Cazuzinha”. Aos 16, iniciou sua carreira artística tocando clarinete e fazendo arranjos para a banda da cidade de Ingá, para onde sua família se mudara. Em 1936, ele foi para a Banda da Polícia Militar da Paraíba como primeiro clarinetista e a partir daí começou sua vida profissional.

No ano de 1937, compôs o seu mais famoso choro: “Espinha de Bacalhau”, que se tornou um dos mais executados no Brasil e no exterior. Pouco tempo após chegar a João Pessoa, o músico foi convidado para atuar na Orquestra Tabajara, como primeiro clarinetista, cuja regência assumiu em 1938, com a morte do até então maestro Olegário de Luna Freire.

Em 1943, foi convocado para o Exército, indo servir durante um ano na cidade de Aldeia, no interior de Pernambuco. Nessa época, compôs “Um chorinho em Aldeia”, que se tornaria o seu primeiro sucesso popular. No ano seguinte, foi convidado para se apresentar na Rádio Tupi, no Rio de Janeiro (RJ). Por seu perfil, que unia sofisticação e apelo dançante, e também pelo repertório abrangente, a Orquestra Tabajara passou a ser chamada para animar salões populares e de elite.

Em 6 de agosto de 1944, veio para o Rio de Janeiro, a convite de Assis Chateaubriand. Seis meses depois, trouxe a Orquestra Tabajara para se apresentar na Rádio Tupi, em uma parceria que durou 10 anos. Em 1946 gravou, entre outras, os choros “Brejeiro”, de Ernesto Nazareth, “Sonoroso”, de K. Ximbinho e “Molengo”, de sua autoria, além da marcha “Cidade maravilhosa”, de André Filho, em ritmo de samba.

No ano de 1947, gravou, entre outras composições, os choros “Malicioso”, de Geraldo Medeiros e “Um chorinho para clarinete”, de sua autoria, além do frevo “A mamata é boa”, de Jones Johnson e o frevo-canção “Voando pra Recife”, de Jonas Cordeiro. Em 1949 gravou com Claudionor Cruz no vocal o choro “Cintilante”, de Claudionor Cruz e José de Freitas. Gravou ainda no mesmo ano o samba “Feitiço da Vila”, de Noel Rosa, além de diversos frevos, entre os quais “Januário no frevo”, de Jonas Cordeiro, “O Macobeba vem aí”, de Levino Ferreira e “Zé Carioca no frevo”, de Geraldo Medeiros.

Em 1951, gravou os frevos “Tá esquentando”, de Zumba e “Último dia”, de Levino Ferreira e o frevo-canção “É frevo, meu bem”, de Capiba, com vocal de Carmélia Alves. No mesmo ano, apresentou-se com enorme sucesso juntamente com a orquestra americana de Tommy Dorsey nas festividades de inauguração da TV Tupi. Em 1952, gravou de sua autoria os choros “Saxomaníaco”, “Mirando-te” e “Um chorinho em Cabo Frio” e “Baião pra maluco”. No mesmo ano, viajou com sua orquestra para Paris acompanhado do vocalista Jamelão para fazer uma apresentação de carnaval. O sucesso foi tão grande que acabaram ficando um ano em Paris.

No ano de 1954, gravou de Capiba, com vocal de Carmélia Alves, o frevo-canção “Vamos pra casa de Noca?” e os frevos “Gracinha no frevo”, de Levino Ferreira e “Centenário”, de Geraldo Medeiros. Nesse ano, encerrou-se o contrato com a Tupi e a orquestra saiu em excursão pelos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Retornaram ao Rio no meio do ano e em novembro partiu em nova excursão desta vez aos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Em 1955, saiu com sua orquestra em excursão a Montevidéu onde permaneceram por 40 dias. No mesmo ano, foram contratados pela Rádio Mayrink Veiga, onde a orquestra permaneceu por quatro anos. Nesse período gravou o LP “A Tabajara no frevo”, com uma coletânea de frevos. Ainda em 1955, foi escolhido pelo crítico Silvio Túlio Cardoso, através da coluna “Discos populares”, escrita por ele para o jornal O Globo, como o “regente da melhor orquestra do ano”, recebendo como prêmio um “disco de ouro” entregue em cerimônia no Golden Room do Copacabana Palace.

No ano de 1959, gravou o samba “A felicidade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Em 1961, gravou o LP “Recife 400 anos”, com diversas composições em homenagem à capital pernambucana, entre as quais “400 anos de glórias” de sua autoria, “Recife, capital do frevo”, de Geraldo Medeiros, “Diabo solto”, de Levino Ferreira e “Homenagem a Recife”, de Geraldo Medeiros e F. Corrêa da Silva. No mesmo período, gravou o LP “12 ritmos brasileiros” no qual sua orquestra interpretou ritmos como samba, baião, marchinha, maxixe, entre outros.

Em 1962, foi contratado com sua orquestra pela Rádio Nacional, onde permaneceu por dois anos. Pouco depois assinou contrato com a TV Rio, com uma nova formação da orquestra, incluindo os trompetes de Hamilton, Geraldo e Mozart; os trombones de Manuel Araújo, Edson Maciel, Zanata e Tião, os saxofones de Jaime Araújo, Odilon, Hélio Marinho, Jaime Ribeiro e Genaldo e os percussionistas Oscar, Gabriel, Plínio, Chiquinho, Elias e Freitas. Em 1967, lançou pela CBS o LP “A Tabajara no hit parade” com diversos sucessos daquele momento, entre os quais “Eu te darei o céu”, de Roberto e Erasmo Carlos, “Namoradinha de um amigo meu”, de Roberto Carlos e “O chorão”, de Luiz Keller e Edson Mello, entre outros.

No ano de 1968, ao terminar o contrato com a TV Rio, resolveu aposentar-se após 35 anos de trabalho. Entretanto, a aposentadoria não foi definitiva, pois prosseguiu fazendo bailes e shows. Em 1975, a Continental lançou o LP “Severino Araújo e sua Orquestra Tabajara”, fazendo um apanhado da carreira do maestro e de sua orquestra em 12 gravações. No mesmo ano, a Odeon lançou o LP “Severino Araújo e Orquestra Tabajara” dentro da série Depoimento em seu volume 1, trazendo regravações de antigos sucessos e novas gravações como “Se não for por amor”, de Benito Di Paula, “Dente por dente”, de Martinho da Vila e “Fogo sobre terra”, de Toquinho e Vinicius.

Em 1976, apresentou-se com sua orquestra no espetáculo “Seis e meia” no Teatro João Caetano no Rio de Janeiro. Em 1977, a Continental lançou o LP “A Tabajara de Severino Araújo” trazendo regravações de antigos sucessos, além de novas gravações como a do choro “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu.

Entre os anos de 1983 e 1985, recebeu os títulos de Cidadão Carioca e Cidadão Paraibano, pela contribuição dada através da música aos estados do Rio de Janeiro e Paraíba. Em 1988, Severino Araújo alcançou uma marca notável: reger a Orquestra Tabajara por 50 anos ininterruptos, completando mais de 14.000 apresentações. Permaneceu na liderança da orquestra até o ano de 2006, quando passou o cargo a seu irmão Jayme Araújo, saxofonista e flautista.

Em 1997, completou 80 anos de idade ainda à frente da Orquestra Tabajara. No ano de 2000, regeu a orquestra no acompanhamento do cantor Jamelão no CD “Por força do hábito”. No mesmo ano, completou 60 anos à frente da Orquestra Tabajara revivendo a “Domingueira Voadora”, então na Fundição Progresso, centro cultural no bairro da Lapa no Rio de Janeiro. Lançou também mais um CD da orquestra com músicas de Carlos Gomes e Chiquinha Gonzaga, entre outros. Em 2003, no aniversário de 70 anos da Orquestra Tabajara regeu o baile de número 13.644 da orquestra. Em 2004, com a reabertura do Circo Voador voltou a reger a orquestra no tradicional baile da “Domingueira Voadora”. Em 2005, regeu a orquestra Tabajara no show de fechamento da série “Orquestras Populares Brasileiras” no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.

Severino Araújo morreu no dia 3 de Agosto de 2012, aos 95 anos de idade, de falência múltipla dos órgãos causada em decorrência de uma infecção urinária. O maestro teve sua biografia escrita pela jornalista Beatriz Coelho Silva.

Dentre as mais de 50 composições de choro, estão entre as mais conhecidas: Espinha de Bacalhau (1937), Gafanhoto Manco, (1937), Um Chorinho Modulante, (1937), Mumbaba (1943), Um Chorinho Delicioso, (1947), Um Chorinho pra Você, (1947), Simplesmente (1948), Mirando-te (1950), Além do Horizonte (1952), Pensando em Você (1953), Um Chorinho em Montevidéu (1955) e Nivaldo no Choro (1956).

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Severino_Ara%C3%BAjo

http://dicionariompb.com.br/severino-araujo/dados-artisticos

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/08/morre-no-rio-o-maestro-severino-araujo-da-orquestra-tabajara.html

http://oglobo.globo.com/cultura/morre-maestro-severino-araujo-aos-95-anos-5682302

http://dicionariompb.com.br/severino-araujo/dados-artisticos

 

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