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Data de publicação do verbete: 02/06/2016

Celso Mariz

O escritor deixou um acervo valiosíssimo para a cultura e história da Paraíba. O clássico “Apanhados Históricos da Paraíba”, e “Através do Sertão”, entre outros.
Data de publicação: junho 2, 2016

Naturalidade: Souza – PB

Nascimento: 17 de dezembro de 1885 / Falecimento: 03 de novembro 1982

Atividade artístico – cultural: Escritor

Atividades Exercício – profissional: Diretor, secretário, inspetor, e político.

Livros publicados: “Através do Sertão” (1910); “Apanhados Históricos da Paraíba” (1922); “Evolução Econômica da Paraíba” (1939); “Ibiapina, um apóstolo do Nordeste” (1942); “Cidades e homens” (1945); “Areia e Rebelião de 1848” (1946); “Memória da Assembleia Legislativa” (1946), “Notícia Histórica de Catolé do Rocha” (1956) e “Figuras e Fatos” 1976).

Celso Mariz, filho do Dr. Manuel Dr. Manuel Maria Marques Mariz (advogado e político), e Dona Adelina de Aragão Mariz. Nasceu no sítio Escadinha, no Município de Sousa, Sertão da Paraíba.

Após o falecimento de seu pai foi morar com seu padrinho Dr. Félix Joaquim Daltro Cavalcanti na cidade de Piancó, onde o mesmo exercia o cargo de Juiz Municipal. Mas não demorou muito por lá, pois o padrinho, Félix Daltro, foi nomeado Juiz de Direito da comarca de Taperoá, que havia sido criada pelo primeiro governador da Paraíba, do período republicano, o Dr. Venâncio Neiva, que trouxe o afilhado e filho de criação para Taperoá, e foi ali que o menino se fez estudante matriculado na escola do velho professor Minervino Cavalcanti. Costumava ler de um tudo, desde jornais entregues pelo correio, a livros do padrinho, ou até os que lhe dessem ou emprestassem.

Foi um homem de muitas atividades, por volta dos dezesseis a dezessete anos, entrou para o Seminário na Diocese da Paraíba, localizada na capital do estado. Depois de adquirir um amplo conhecimento religioso, iniciou-se no Jornalismo em 1904, e se pôs nos caminhos da Hiléia beira-mar, onde se enfiou num vapor que conduzia passageiros e cargas, tocando de porto em porto, até alcançar o Pará. Deslocou-se depois para Manaus. Eram muitos paraibanos que se destacavam no Norte, notadamente em Belém, como advogados, magistrados, poetas, e jornalistas.

Mas Celso acabou retornando à terra natal em 1907, aos 22 anos.

Logo em seguida se tornou vereador (conselheiro municipal na época). Lecionou na Cidade de Catolé do Rocha, onde conheceu e casou com D. Santina Henriques de Sá, Celso também ensinou as primeiras palavras ao garoto Rui Carneiro, que com o tempo viria a se tornar senador, e posteriormente Governador do Estado da Paraíba.

Nomeado Inspetor Regional de Ensino, percorreu todo o estado, sempre a cavalo. Ele conheceu cidades, vilas, povoados, e fazendas, e nestes percursos, devido ao penoso e constante trabalho de inspeção de escolas, colheu material para escrever o primeiro livro, que intitulou “Através do Sertão”, editado em 1910. Surgia o escritor com vocação para a sociologia e a história, descrevendo as localidades, seu passado e presente, figuras marcantes de sua progressão econômica e social.

Em 1914 Celso e D. Santina fixaram-se em definitivo na capital paraibana.  Foi nomeado Diretor da Secretaria da Assembleia Legislativa, e exerceu o cargo até 1930. Em 1915, fundou o jornal A NOTÍCIA, órgão que expressava as ideias dos chamados “jovens turcos”, grupo de plumitivos políticos, alguns já bem iniciados nas lides partidárias, filiados à orientação do grande Epitácio Pessoa.

Celso Mariz escreveu “Apanhados Históricos da Paraíba”, editado em 1922, é um clássico, contendo o quadro histórico e geográfico do Estado, sua fundação, seu território, a guerra anti-holandesa, os acontecimentos merecedores de registro no século XVIII, a atuação da Igreja, o governo colonial, as revoluções, o império e o monarquismo, a política daqueles tempos, os governos e os legisladores, até à República.

Foi deputado de 1924 a 1927, durante o governo de João Suassuna. Posteriormente quando João Pessoa assumiu o poder, o nomeou Diretor do jornal “A União”, permaneceu por pouco tempo no cargo, voltando ao seu cargo na direção da secretaria da assembleia Legislativa.

Em fins de 1930, foi nomeado Inspetor Federal junto ao Liceu Paraibano.  Tamanha era sua competência, que foi convidado pelo governador Argemiro de Figueiredo (1930-1940) para ocupar os cargos de Secretário do Governo e da Agricultura, Comércio, Viação e Obra Públicas, a pasta mais importante do estado. Também ocupou a Diretoria do Departamento de Educação. Encerrou suas atividades no Serviço público em 1950, como Secretário do Governo na gestão do governador José Targino da Consta (1950 – 1951).

Em 1939, o mestre lançou “Evolução Econômica da Paraíba”, uma obra eclética nos relatos objetivos sobre a nossa geografia, hidrografia, agricultura e pecuária, ocupação dos espaços, evolução dos contingentes de trabalho, volumes de produção, nascimento e desenvolvimento das comunidades urbanas e rurais, tudo seqüenciado com registros dos fatos, enriquecidos com dados estatísticos.

O livro “Evolução Econômica da Paraíba” é considerado um primoroso estudo sobre a nossa colonização e civilização agrária, desde os primórdios, começando pelas primeiras culturas praticadas, os engenhos nascentes e moentes, a penetração dos colonizadores no Brejo, Cariri e Sertão, a escravidão, o surgimento e pujança do algodão, as crises, o advento de novas lavouras e das indústrias, abertura de caminhos, estradas de rodagem e de ferro, o porto, a mudança das estruturas rudimentares de trabalho e produção, as conquistas tecnológicas e fatores internos e externos que as influenciaram, as secas e seus efeitos catastróficos, as obras de combate às estiagens prolongadas, as realizações administrativas e os esforços para a geração de rendas públicas e privadas, o desenvolvimento urbano, notadamente o da Capital, tudo ilustrado com dados estatísticos, constituindo trabalho de fôlego e fonte de consulta a quantos se interessem pela história do desenvolvimento econômico e social da Paraíba.

Segundo técnicos o livro oferecia subsídios valiosíssimos para a formação de uma política de apoio para o Nordeste. Particularizavam a riqueza do manancial de informes contidos na obra, e particularizavam a riqueza do manancial de informes contidos na obra de Celso Mariz.

Ele era dono de invejável capacidade de redação e de bom tirocínio administrativo, dedicado ao jornalismo e às letras e conhecendo palmo a palmo a Paraíba escrevia sobre qualquer tema relacionado à administração e políticas públicas. Ele tinha memória prodigiosa a que aliava o gosto pelas anotações e pesquisa. Em qualquer ambiente era alvo das atenções dos circunstantes pela excelente prosa que sabia manter. Entremeava diálogos com boa verve. Nas visitas que fazia detinha-se por pouco tempo. Onde mais demorava era no Clube Cabo Branco, no centro da cidade, onde reencontrava amigos e velhos conhecidos e participando dos jogos de gamão e de cartas.

Deixou um acervo valiosíssimo para a cultura e história da Paraíba. Escrevia ao correr da pena, em vernáculo simples e escorreito. Reconstituía fatos e personagens do passado, enriquecia as narrações com detalhes realísticos de acontecimentos marcantes. Seus livros são para qualquer geração.

Faleceu em João Pessoa no dia 03 de novembro de 1982, aos 97 anos de idade, a doze dias de realizar, segundo ele, um grande sonho: votar em Antônio Mariz para governador da Paraíba.

Fontes:

http://www.taperoa.com/celso-mariz/

http://www.al.pb.gov.br/elegispb/wp-content/uploads/2013/08/TEXTO-DE-ROBERTO-JORGE-CHAVES-ARAUJO-1.pdf

http://www.sertaoinformado.com.br/conteudo.php?id=29661&sec=COLABORADORES&cat=Marcelino%20Mariz

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