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Data de publicação do verbete: 15/06/2016

Waldemar José Solha

Artista plástico, ator, escritor, poeta, dramaturgo e cordelista. Um dos grandes expoentes da cultura paraibana. Talento e precisão em todas as suas obras produzidas.
Data de publicação: junho 15, 2016

Naturalidade: Sorocaba – SP / Radicado em João Pessoa – PB

Nascimento: 14 de Maio de 1941

Atividades artístico-culturais: Artista plástico (pintura), ator, escritor, poeta, dramaturgo e cordelista.

Atividade exercício – profissional: Contador no Banco do Brasil.

E-mail: wjsolha@superig.com.br

Facebook: https://www.facebook.com/waldemarjose.solha.5 

Exposições: “Homenagem a Shakespeare”, de 1997, em exposição permanente no auditório da reitoria da UFPB, e “A Ceia”, de 1989, no Sindicato dos Bancários da Paraíba.

Premiações: O artista possui em seu currículo uma inestimável coleção de prêmios, aos quais começaram com seus romances: “Israel Rêmora” prêmio Fernando Chinaglia (1974) publicado pela Rede Record em 75; “A Canga” edições/Moderna em (1978), reeditado pela Editora Mercado Aberto em (1984). Coletânea de contos, roteiro cinematográfico e dois romances: História Universal da Angústia (2005), finalista do Jabuti em 2006, prêmio Graciliano Ramos, da UBE – Rio de Janeiro (2006). Na poesia o autor recebeu premiações por: Trigal com Corvos (2004), Prêmio João Cabral de Melo Neto, da UBE (2005).

Waldemar José Solha vive na capital paraibana desde 1962, inicialmente morou na cidade de Pombal, interior do estado. De origem humilde, filho de carpinteiro, Waldemar relembra que foi um grande e significativo salto ingressar à classe média tomando posse em uma agência do Banco do Brasil. O hábil artista sofreu uma grande mudança em seu ambiente regional e cultural, já que saíra de um meio culturalmente frio, e se instalava em outro bastante aquecido, localizado no alto Sertão da Paraíba.

Sua mãe lia diversos romances, e como ela retirava os livros da biblioteca da Estrada de Ferro Sorocabana, Waldemar acabara lendo alguns livros a respeito em sua adolescência, o primeiro romance que leu foi John, o Chauffeur Russo, de Max du Veuzit. O primeiro brasileiro, Coração de Onça, de Ofélia & Narbal Fontes. Lia vários gibis desde muito pequeno, o que o influenciou muito de início foi uma revista nobre de Histórias em Quadrinhos chamada Epopéia

Seu primeiro conto foi um sonho que teve, resolveu colocar o sonho no papel, e através de um amigo da época, hoje, escritor de renome, José Bezerra Filho, enviou o conto a um professor da UFPB em João Pessoa, e a obra foi publicada a base de mimeografo.

Tornou-se dramaturgo e ator logo em seguida, quando escreveu uma peça descrevendo o fato da morte do estudante Edson Luiz, no restaurante do Calabouço, Rio de Janeiro (RJ), a pedido de um recém-chegado na agência bancária, e teve sua estreia três meses depois do fato acontecido. No ano seguinte, o mesmo Bezerra decidiu fundar uma empresa cinematográfica na cidade, e rodaram o primeiro longa-metragem de ficção, da Paraíba, em 35 mm.

Quando questionado sobre “A Canga”, uma de suas grandes produções, o autor relembra: “A Canga surgiu de uma espécie de novela que fiz, e hoje perdida, composta de uma série de contos, cada um se passando numa época. Depois de uma cena em plena Pré-História, saltava-se para o Sertão Nordestino, daí para o faroeste americano, para a segunda guerra mundial, etc. A primeira imagem a me vir na cabeça, ao criar essa estória, foi a de um pai, desprovido de bois para arar, pondo os filhos no lugar deles, na canga”.

O escritor é também autor da História Universal da Angústia (Bertrand, 2005), um conjunto de narrativas que misturam ficção, história e literatura, tendo sempre como pano de fundo as grandes tragédias e paixões humanas. O livro Trigal com Corvos, mantém parentesco muito próximo com a História Universal da Angústia. Nesse longo poema, o autor combina, com mestria, referências autobiográficas, citações literárias e fatos históricos para com isso montar um ambicioso e vasto painel. Poema premiado, Trigal com Corvos ficou entre os onze finalistas da 5ª Bienal Nestlé de Literatura, em 1991.

No livro “O relato de Prócula”, o escritor revela que também foi capaz de fazer milagres. Em uma espécie de transe, ele conseguiu curar algumas pessoas, e o mais incrível: os episódios de cura aconteceram após o autor entrar em crise e se tornar ateu. Muito dessa história pessoal está contada, sob as lentes transfiguradoras da ficção, nesse romance. “Por que Pilatos defendeu tanto Jesus? A Bíblia conta que foi por causa de um sonho que a mulher dele, Prócula”, revelou. Esta é a pergunta que faz o personagem do romance, Padre Martinho, e é daí que se estrutura o livro que tem como é bem próprio na obra de Solha, uma série de referências e citações que fazem sua ficção aproximar-se do ensaio.

Waldemar Solha é indubitavelmente um dos grandes expoentes da cultura paraibana, que demonstra seu talento e precisão em todas as obras produzidas pelo próprio, as mesmas, são de grande importância para o cenário sociocultural regional e nacional, nelas está contida inestimável representação para o tesouro cultural do país.

POR QUE – ESCRAVO -, ESCREVO?

W. J. Solha

Por que – escravo -, escrevo,

se a frase a que me atrevo é a mesma que, com certeza, diria uma mulher sem beleza,

se lhe perguntassem por que – demoradamente – se banha e se perfuma e se penteia e se veste e se pinta e se adorna,

com joias que várias vezes – criteriosamente – estorna,

chegando,

por incrível que pareça,

a coqueterias

como a de pôr,

com… graça,

uma boina inclinada na cabeça?

A timidez – já se disse – limita a arte brasileira,

como se tivéssemos por bandeira o viço,

apenas,

de um Frei Damião ou Padim Ciço,

adorados pelo povão,

mas que

nem santos,

na verdade,

são.

Nada de milagres… espetaculares ,

de parar sóis, erguer mortos,

abrir mares.

Por que, então, escrevo,

se há os poemas a rodo, de gênios do mundo todo, e – não raro – eles me são caros?

Porque são… coisa alheia.

“Não correm na minha aldeia”.

Que nada, portanto, me abale.

Devo ter, ao menos, a importância do vale,

a ir Real artimanha

pra que haja

a montanha.

Fontes:

http://www.jornaldepoesia.jor.br/wjsolha.html#nilto

http://culturapopular2.blogspot.com.br/2010/03/w-j-solha.html

http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet231.htm

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