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Data de publicação do verbete: 27/07/2016

Rio Tinto

Mesorregião da Mata Paraibana - Litoral Norte. Conhecida pelo seu charme é a “Europeia” nordestina. O pequeno município em nada se parece com uma cidade da Paraíba.
Data de publicação: julho 27, 2016

Localização: Mesorregião da Mata Paraibana – Microrregião Litoral Norte.

Área territorial: 466,3 km² de área

População: 23.431 hab / IBGE/ 2012

Gentílico: Rio-tintense

Limites geográficos municipais: Limita-se ao Norte com Mataraca, Baia da Traição e Marcação, ao Sul com Lucena, Santa Rita e Capim, e a Leste com o Oceano Atlântico e a Oeste com Mamanguape.

Densidade demográfica: 49,42 hab / km² (Dados: 2010)

Distância da capital de João Pessoa: 52 km

Acesso a partir de João Pessoa: BR 101

Data da emancipação política: 6 de dezembro de 1956

Altitude: 10m.

Vegetação: Litorânea, com presença de mangues, tabuleiros, vegetação rasteira e arbusto e matas de restinga, além da presença de “ilhas” de forma isolada no centro e arredores da cidade, de Mata Atlântica, inclusive com a incidência de alguns animais como o bicho preguiça.

Rios: Mamanguape, Rio do Gelo e Rio Tinto.

Clima: Tropical, com temperatura: média anual de 25°C de temperatura

Economia: agricultura, pecuária, e comércio.

Feriados Municipais: Padroeira Santa Rita de Cássia (22 de maio)

História:

A ocupação das terras de Rio Tinto aconteceu antes do descobrimento do Brasil, com a presença do povo indígena potiguara, resumidas hoje a quatro aldeias (Silva do Belém, Jacaré de São Domingos, Vila Monte Mor e Jaraguá), que representa cerca de 10% da população do município. Porém ainda com o território pertencente ao município de Mamanguape, a atual cidade teve início no ano de 1917.

O pequeno município de Rio Tinto em nada se parece com uma cidade do Nordeste da Paraíba. A arquitetura europeia de grande parte de suas casas e estabelecimentos, a igreja central, uma grande fábrica desativada e um misterioso palacete, que fica mais afastado, segue o estilo inglês dos edifícios de Manchester, na Inglaterra, com seus típicos tijolos aparentes.

A organizada cidade do interior paraibano, conhecida pelo seu charme é a “Europeia” nordestina, e teve seu início com a chegada dos trabalhadores da Fábrica de Tecidos Rio Tinto, fundada pelo Sr. Frederico João Lundgren.

A companhia de Tecidos Paulista, da família Lundgren precisava de algum lugar para se alojar, pois vinham de muito distante, com isso contribuindo para a formação da cidade. Com a compra das terras do fazendeiro Alberto de Albuquerque, pelo comerciante e industrial sueco naturalizado brasileiro Herman Teodoro Lundgren, e seus filhos Frederico João Lundgren, e demais irmãos; por dois mil contos de réis.

A fábrica foi inaugurada em 1924, o que se tornaria na verdade uma colonização por parte de famílias alemãs que viriam a trabalhar na indústria, e constituindo a única colônia germânica acima do Centro-Sul do Brasil no século XX.

Após a morte de Herman Lundgren em 1907, ele encarregou a Dannyel Heinrich Kubrusly grande amigo do Herman Lundgren a cuidar dos negócios da família. A Administração do projeto em Rio Tinto e desenvolvimento da fábrica couberam mais a Frederico Lundgren (1879-1946), que foi sucedido por Artur Lundgren, o qual se elegeu primeiro prefeito de Rio Tinto, em 1957, logo após a emancipação de Mamanguape.

A fase áurea da Companhia de Tecidos Rio Tinto, aconteceu no início dos anos 1960, quando se verificou o apogeu das exportações para a Europa e os Estados Unidos. Nessa época, Rio Tinto tinha então uma das maiores arrecadações de impostos/tributos, do interior nordestino, o que significava o pleno funcionamento de centenas de teares em 50 galpões, em uma área construída de 52 mil metros quadrados.

Doze caldeiras queimavam por dia 80 caminhões de lenha, gerando 15 mil empregos diretos. A fábrica foi o motivo condutor para edificação de quase tudo o que hoje está de pé na cidade, o que inclui 2.613 casas de habitação, o hospital, as praças e o armazém destinado ao suprimento das despensas de técnicos, dirigentes e operários. Com toda essa prosperidade, os trabalhadores tinham privilégios pouco comuns para o interior nordestino da época, como emprego fixo e assistência médica.

Decadência da companhia: Em 18 de agosto de 1945, cerca de dois mil operários da fábrica de tecidos invadem os chalés dos alemães, quebrando tudo e exigindo que os estrangeiros fossem deportados. Tanto no país quanto em Rio Tinto ardia o ódio advindo do torpedeamento de navios da Marinha Mercante do Brasil por submarinos supostamente germânicos, (muitos historiadores dizem que foi na verdade um modo de Roosevelt pressionar Getúlio com uma ameaça de invasão do Nordeste) durante a Segunda Guerra Mundial.

Meses depois, com a situação mais estabilizada, a Companhia de Tecidos Rio Tinto acionou judicialmente o Estado em busca da indenização dos prejuízos, a qual nunca foi obtida. Enquanto isso os alemães lá permaneceram para insatisfação dos locais.

Em 1963, um ex-operário da fábrica, o torneiro mecânico Antônio Fernandes de Andrade, elege-se prefeito municipal contra os interesses dos antigos patrões. A partir de então, os Lundgren mostram-se desestimulados.

Com os galpões, o palacete, marcenarias e oficinas de manutenção fechados, (o espólio dos Lundgren), logo passou a ser administrado por um pequeno escritório local, e  hoje vive do recebimento do aluguel de 80% das casas de Rio Tinto, empregando, para tanto, em torno de 70 pessoas.

Em tempos remotos existiam pequenos trens que eram usados para carregar materiais, pessoas e equipamentos. Além dos trens, existiam as chaminés que eram também usadas para avisar aos operários o começo e término de expediente, seu som podia ser ouvido a quilômetros de distância.

O atual município de Rio Tinto é composto por 601 quilômetros quadrados de terras cobertas de Mata Atlântica, habitadas por tribos potiguaras, por pequenos fazendeiros e posseiros.

Os potiguaras, por sua vez, conseguiram recuperar e demarcar 7.487 hectares das terras indígenas de Monte-Mor que aguardam sua homologação. Assim que a ratificação sair, a ideia é transformar a mansão, apelidada pelos moradores locais de Castelo de Hitler, em um grande memorial indígena.

Afastada da vila, a mansão fortaleza dos Lundgren, que hoje faz parte das terras potiguaras, cercada por altos muros e portões de ferro, servia como morada ocasional da família. Dentro do palacete, uma sala/tribunal com um grande púlpito corrobora até hoje a terrível fama dos irmãos Frederico e Arthur, de coronéis implacáveis da indústria.

Hoje Rio Tinto é uma cidade calma e tranquila para morar. Muitos não sabem, mas esses galpões e o Palacete deixados pelos Lundgren são pontos turísticos para visitações.

Atualmente o município é servido pela empresa de transporte Viação Rio Tinto, que faz a conexão intermunicipal viabilizando um turismo e acesso para cidade. A cidade possui uma pista de aeródromo (1 km), mas está com problemas estruturais há algum tempo e não recebe nenhum tipo de voo. Como a cidade fica perto da capital do Estado, não há interesse em repará-la.

Eventos turísticos: Além do turismo ecológico, a cidade também atrai turistas da região na sua tradicional festa religiosa da padroeira Santa Rita de Cássia, celebrada anualmente em 20 de maio.

Patrimônio histórico/ arquitetônico / cultural / material:

– O Cine -Teatro Orion foi arrendado no ano de 1965, pelos irmãos David (Abel e Walfredo) e foram os responsáveis por muitos anos pelo desenvolvimento e sucesso desta casa no Município. Hoje o Cine-Teatro Orion é a Orion Show, uma das principais casas de show do Vale no Mamanguape.

– Chalés: Os Lundgren construíram chalés, para que eles pudessem residir na Praça João Pessoa, e que hoje ainda existem.

– A Igreja Matriz Santa Rita de Cássia, que foi edificada em 1942, pela Companhia de Tecidos Rio Tinto. É um símbolo da cidade e ícone de devoção a Santa Rita de Cássia. A Igreja tem uma arquitetura incrível e é belíssima tanto por fora como por dentro. Várias lendas foram formadas, tanto na Igreja como na estátua que é virada para ela.

Patrimônio Natural: A Reserva Biológica Guaribas, localizada entre os municípios de Mamanguape e Rio Tinto, e que foi criada em 1990, e protege os últimos vestígios da Mata Atlântica paraibana.

Cultura Indígena:

Rio Tinto possui parte de seu território em três terras indígenas identificadas ou demarcadas pela Fundação Nacional de Apoio ao índio (FUNAI), com uma população de 2000 índios, cerca de 10% da população atual do município. Trata-se das aldeias Vila Monte-Mor e Jaraguá, dos indígenas Potiguaras.

A Reserva dos Potiguaras tem 33 757 hectares (Terra Indígena Potiguara – 21.238 hectares; TI Jacaré de São Domingos – 5.032 ha; e TI Potiguara de Monte-Mor – 7.487 ha), repartidos em três áreas adjacentes, nos municípios de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação.

Sua população é estimada em vinte mil pessoas, distribuídas em 32 aldeias e nas cidades de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto. Cada aldeia possui um cacique. A reserva, como um todo, é comandada por um Cacique Geral.

Os potiguaras desenvolvem agricultura de subsistência de culturas como o milho, feijão, mandioca, macaxeira e inhame; a pesca artesanal, no mar e nos manguezais; o extrativismo vegetal da mangaba, dendê, caju e batiputá; e a criação de galinhas, patos, cabras, bovinos e cavalos.

O turismo de base comunitária é incipiente, mas merece atenção, a população indígena tem um controle sobre seu desenvolvimento econômico, e os benefícios permanecem dentro das aldeias.

Uma das suas expressões culturais mais representativas é a Pintura Potiguara, que é usada durante o Toré (ritual). No Dia do Índio, 19 de abril é realizado um grande Toré, aberto ao público, na aldeia São Francisco.

Diversidade Ecológica:

Área de Proteção Ambiental Barra do Rio Mamanguape é a única de responsabilidade Federal no Estado da Paraíba, hoje a unidade encontra-se gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ocupando uma área total de 14.460 habitantes. A área abriga os principais remanescentes de manguezais do Nordeste brasileiro, no Rio Mamanguape, e Miriri, com habitats naturais de preservação de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. E dá-se o nome de APA (Associação de Preservação Ambiental).

Atrações turísticas naturais:

As praias do município, e que  estão todas localizadas na APA, sendo 11 quilômetros de praias virgens com aguas mornas e transparentes, e que fazem parte do potencial turístico paraibano. Neste cenário paradisíaco, surgem as praias de Campina, Oiteiro, Miriri e Barra de Mamanguape, algumas delas abrigando ainda colônias de pescadores.

Praia de Campina: Principal praia do Município, rasa, com ondas fortes, boa para surf, e faixa larga de areia fina e batida. Visitada por veranistas do próprio município, como também da capital e de outros estados. Possuindo também um vilarejo de pescadores locais.

Praia de Oiteiro: Uma atração paradisíaca, com pequena elevação, toda gramada, cercada por coqueiros e com um mar maravilhoso, possui excelente área de camping. Apresenta o encontro de água doce, do rio, com água salgada do mar.

Barra de Mamanguape: Além do belo visual, podemos visitar a estação do IBAMA onde funciona o projeto de preservação do Peixe-boi Marinho. Outro espetáculo para se assistir é o encontro do Rio Mamanguape com o Oceano Atlântico. A Barra de Mamanguape é também uma das áreas-piloto do programa das reservas de biosfera da Mata Atlântica da UNESCO.

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Tinto_(Para%C3%ADba)

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1346077

http://erecopbrt.blogspot.com.br/p/local-do-evento.html

http://www.paraibatotal.com.br/noticias/2014/12/06/82057-rio-tinto-festeja-neste-sabado-06-seus-58-anos-de-emancipacao-politica

http://wwwgeotrilhas.blogspot.com.br/2011/12/trilha-eco-cultural-de-rio-tintopb.html

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=251290&search=paraiba|rio-tinto

http://www.riotinto.pb.gov.br/feriados-municipais/

http://www.trilhasdospotiguaras.com.br/pt-br/historia/os-invasores-do-seculo-xx/

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/nada-de-preguica

http://www.trilhasdospotiguaras.com.br/pt-br/historia/os-potiguaras-do-seculo-xxi/

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