O maior conteúdo digital de cultura regional do país
Registro das artes e culturas da Paraíba
O maior conteúdo digital de cultura regional do país
Registro das artes e culturas da Paraíba
Data de publicação do verbete: 23/10/2015

Mike Deodato

Quadrinista e desenhista. Um dos principais artistas da Casa das Ideias. Conquistou fama internacional ao desenhar Thor, Mulher Maravilha e outros personagens.
Data de publicação: outubro 23, 2015

Naturalidade: Campina Grande – PB

Nascimento: 23 de maio de 1963

Atividades artístico-culturais: Quadrinista e desenhista.

Principais criações: “Lost in Space” e “Beauty and the Beast” pelo selo de quadrinhos americano Innovation Comics; desenhou ainda “Miracleman Triumphant”(com Fred Burke no roteiro) pela editora Eclipse e “Hibrides”, com arte-final de Neal Adams, um monstro sagrado dos quadrinhos, na Editora Continuity do próprio Neal Adams; “Mulher-Maravilha” (DC Comics); Glory pela Image Comics; Elektra; Thor; Vingadores; Hulk; Lady Death; Ultraforce; Batman; e a reformulação dos Thunderbolts, e outros.

Deodato Taumaturgo Borges Filho (assina “Deodato Filho” no Brasil e “Mike Deodato” nos EUA). No início da sua carreira assinava como Mike Deodato Jr. É um dos poucos artistas nacionais de histórias em quadrinhos a ganhar projeção internacional. Tornou-se quadrinista influenciado pelo seu pai Deodato Borges “in memoriam” que lhe ensinou a desenhar desde cedo e foi quem lhe apresentou primeiramente os trabalhos dos mestres Will Eisner, Burne Hogarth e outros.

Seu pai era Jornalista, Radialista, Roteirista, além de Quadrinista, criador do personagem “Flama” em 1963. Surgido nas radionovelas, o personagem foi um dos primeiros a aparecer em revistas em quadrinhos publicadas no Nordeste brasileiro.  Mike se recorda “Com painho (carinhosamente se refere ao pai) era bom porque, mesmo que ele não vivesse de quadrinhos, estava sempre criando algo para poder desenhar onde ele trabalhava, fosse jornal, publicidade ou outra coisa. Ele sempre inventava algo relacionado a desenho e levava para casa. Estava sempre fazendo bico de pena de personagens históricos e eu ficava vendo”.

Com o pai Mike aprendeu: “Acho que o principal foi a narrativa. Sempre que ele me entregava um roteiro, não era datilografado. Ele já desenhava com o texto escrito e ali já estava a narrativa. Daí, aprendi a fazer a passagem de tempo de um quadro para outro e tudo mais. Como ele era muito influenciado pelo Will Eisner, foi um ensinamento muito bom. ” Sobre suas primeiras influências Mike diz que o mais antigo que se lembra são as revistas da Ebal em preto o branco, com super-heróis da Marvel e DC. Também tinha algumas publicações da Editora-Abril, na época, uma série Clássicos-Walt Disney.

Mike tinha oito anos quando fez sua primeira história. Ela se chamava “O Azar do Oscar”. Mas, viu que realmente tinha algum talento com 13 anos. Já colecionava gibi e começou a copiar desenhos, como os de Russ Manning pro Tarzan. Percebeu que levava jeito e decidiu que ia ser desenhista de quadrinhos na vida.

Aos 15 anos, no fim da década de 1970, lançou sua primeira revista independente de HQ de seu personagem, o “Ninja”, em parceria com José Augusto, em formato de fanzine. Em 1979, O Ninja saiu em um jornal local. Depois publicou uma história na revista Itabira #1, com o personagem O Desconhecido. Foi criado pelo Emir Ribeiro e ele desenhou.

Seu primeiro fanzine foi em 1980, com a revista HQ. Seu maior triunfo na época foi publicar em Historieta, de Oscar Kern. E que Mike achou o máximo. Tinha o formato horizontal e misturava quadrinhos com textos. Qualquer ideia que tinha, publicava no seu fanzine e acabava sendo um número novo da revista HQ. Fez os dois primeiros números, anos depois apareceu a oportunidade de publicar regularmente charges e cartuns em jornais da Paraíba até lançar o personagem “Carcará”.

Na mesma década publica uma revista tamanho gigante, a semelhança das edições de fim-de-ano dos gibis americanos – “3000 Anos Depois”, uma saga de ficção científica com o apoio do governo. Mas estava lá: HQ n° 4. Era só para dizer que tinha uma continuidade, mas cada número tinha um formato diferente. Logo depois, fez colaborações profissionais com o pai como “A História da Paraíba em Quadrinhos. ” Os dois chegaram a participar do Festival d’Angoulême no final da década de 1980 com seus primeiros trabalhos.

Ao desistir do curso de Comunicação Social pela UFPB, ficou conhecido internacionalmente quando participou do XIII Salão Internacional de Angoulême, na França. A partir daí, ao mesmo tempo em que trabalha como diagramador e desenhista nos jornais paraibanos, publica trabalhos na Europa (Bélgica, França e em Portugal).

Na década de 1990, desenha “Lost in Space” e “Beauty and the Beast”, pelo selo de quadrinhos americano Innovation Comics, sendo estas baseadas em séries de TV. Desenhou ainda “Miracleman Triumphant”(com Fred Burke no roteiro) pela editora Eclipse, e “Hibrides”, com arte-final de Neal Adams, um monstro sagrado dos quadrinhos, na Editora Continuity do próprio Neal Adams.

Se tornou conhecido no mercado americano e mais ainda no brasileiro ao desenhar em 1994 a “Mulher-Maravilha” (DC Comics). É inegável que a série ganhou impulso nas vendas por conta das formas “abrasileiradas” que o desenhista deu às amazonas. Antes, em 1992, ele já tinha feito um trabalho para a Malibu Comics (Santa Claws, conhecido como “Noite Mortal” no Brasil). Contratado pela Marvel Comics, ele ilustraria vários heróis conhecidos. Pela Image Comics desenhou Glory, personagem cuja série foi publicada no Brasil pela Editora Abril.

O brasileiro ficou marcado como “desenhista das beldades”, bem na época em que os quadrinhos dos EUA passavam pela febre das Bad Girls. Elektra virou musa entre as malvadas no seu traço – e os fãs devotos reclamaram que ela ficou muito sensual. Apesar da fama relacionada às formas femininas, Deodato também desenhou parrudões como Thor. Foi sua primeira colaboração com o britânico Warren Ellis, de cujos roteiros ainda diz sentir saudade.

Foi por essa época, no começo da segunda metade dos anos de 1990, que Deodato começou a ser chamado para tudo: Vingadores, Hulk, Glory, Lady Death, Ultraforce, Batman. Ele literalmente se dividiu em vários: se as editoras dos EUA pediam Deodato, o agente passava outro brasileiro que desenhasse parecido e, para esconder um pouco a manobra, pedia que o crédito ficasse com “Deodato Studios”. Mesmo com ajuda, o desenhista ficou sobrecarregado e reconhece que a qualidade de seu trabalho sofreu bastante na época.

A sobrecarga de trabalho terminou prejudicando a qualidade de seu trabalho e após uma pausa, Deodato voltou com tudo no início dos anos 2000, com desenhos mais realistas, traço diferenciado, em alto contraste, usando de referência fotos suas ou de atores de Hollywood, o desenhista teve fases elogiadas com Hulk – uma capa sua foi até copiada na divulgação do filme e Homem-Aranha, na qual Tommy Lee Jones emprestou o rosto a Norman Osborn. O vilão acabaria acompanhando Deodato por um bom tempo.

Em 2007, a reformulação dos Thunderbolts  a equipe de vilões agora ficaria sob comando de Norman Osborn foi a nova oportunidade para Deodato trabalhar com Warren Ellis. O ano que a dupla passou em Thunderbolts é até hoje considerado o ponto alto da série. De Thunderbolts, Deodato passou para os Vingadores quando a franquia estava (e ainda está) no auge. Trabalhou nas séries principais, ajudou a lançar Vingadores Sombrios (com os ex-Thunderbolts). Foi nesta oportunidade em que criou o personagem Patriota de Ferro, que acabou de ser adaptado ao cinema em Homem de Ferro 3. Em seguida, assumiu a revista dos Vingadores Secretos e o novo volume de Novos Vingadores. O brasileiro virou um dos grandes colaboradores de Brian Michael Bendis, o roteirista que comandou os Vingadores nesse período de alta. Mesmo com a saída de Bendis, o brasileiro segue desenhando Capitão América e Cia. até hoje.

Exclusivo da Marvel Comics há mais de dez anos, Deodato até já ganhou uma homenagem montada pela editora: o livrão de capa dura The Marvel Art of Mike Deodato reuniu mais de 200 páginas sobre sua carreira. “The marvel art of Mike Deodato HC” tem texto de John Rhett Thomas e depoimentos de alguns dos principais colaboradores do brasileiro na Marvel, incluindo os roteiristas Mark Benson e Charlie Huston e o editor-chefe Axel Alonso. Ainda não há previsão de lançamento do livro no Brasil.

Com a tranquilidade da reputação que tem pelo mundo, Deodato está começando a alçar outros voos. Um deles é A Arte Cartum de Mike Deodato, livro que reúne tiras num estilo totalmente distinto a que os leitores estão acostumados – e no qual ele pode mostrar seu bom humor. O livro surgiu de um projeto de crowdfunding financiado em menos de 48 horas pelos fãs.

O traço “clássico” de Deodato (como o de contemporâneos como Jim Lee) além de lembrar ilustres antecessores (Frank Frazetta, Neal Adams, Will Eisner) tem um domínio do claro-escuro digno de nota, seja em preto-e-branco ou colorido (vide o site Glass House Graphics, em Mike Deodato). Apesar de ter a agilidade típica dos quadrinhos norte-americanos, tem influência de grandes desenhistas “comics” como Carmine Infantino, Gil Kane e Sal Buscema, passeia entre a caricatura e o desenho estilizado-realista de artistas mais novos, como George Pérez (vide “Omelete entrevista Deodato Jr”, em “Proposta de Deodato para o homem-morcego” e “Wonder Woman”).

Atualmente morando em João Pessoa, ele trabalha em um estúdio dentro de casa, que possui as paredes decoradas com quadros que expõem as próprias artes. No local de trabalho, além de materiais para produzir, como desenhos, prancheta, mesa de luz e computador; há uma coleção com revistas em formatinhos, memorabilias e fotos familiares. Com pouco tempo livre devido aos compromissos profissionais, trabalhar em casa permite passar mais tempo com a família, principalmente a pequena filha. E ele já conta com planos de expansão do estúdio.

Pensar os heróis da Marvel hoje em dia traz associado o nome de Mike Deodato, um dos principais artistas da Casa das Ideias. Seu sucesso abriu as portas para vários outros artistas brasileiros que também atuam no mercado até hoje. Neste ano de 2015, Mike completou 35 anos de carreira

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mike_Deodato_Jr.

http://omelete.uol.com.br/quadrinhos/artigo/mike-deodato-50-anos/

http://www.universohq.com/entrevistas/mike-deodato-jr-um-brasileiro-desbravador-do-mercado-norte-americano/

https://hqrock.wordpress.com/2013/05/25/desenhista-brasileiro-mike-deodato-completa-50-anos/

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/04/desenhista-brasileiro-mike-deodato-ganha-homenagem-de-luxo-da-marvel.html

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *