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Data de publicação do verbete: 11/07/2017

Marlene Almeida

Artista plástica e de arte abstrata.
Data de publicação: julho 11, 2017

Naturalidade: Bananeiras – PB.

Nascimento: 1942.

Atividades artístico-culturais: artista plástica e restauradora.

 

Nascida em Bananeiras, na região do Brejo paraibano, Marlene Costa de Almeida é uma artista plástica formada em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba, onde também fez cursos de Desenho, Pintura e Escultura na coordenação de extensão. Além da produção de suas obras, Marlene também se dedicou à pesquisa de materiais artísticos, mais especificamente sobre a manufatura de tintas à base de pigmentos e resinas naturais.

Participou de movimentos políticos e culturais no início da década de 1960, época de ditadura militar no Brasil, e por isso foi perseguida. O interesse de Marlene Almeida pelos materiais naturais surgiu da preocupação em encontrar formas de fazer sua arte que não agredissem o meio ambiente, ainda nos anos 1970. Para isso, ela recorreu à pesquisa apoiada por instituições de ensino.

“Com o apoio da Universidade Federal da Paraíba e do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – desenvolvi um projeto que teve como objetivos identificar pigmentos e aglutinantes próprios para a produção de materiais artísticos, mapear os sítios dos afloramentos e organizar um mostruário de cores”, conta a artista para a revista Espaço Aberto.

Seu trabalho inovador foi amplamente reconhecido no Brasil e também internacionalmente. Marlene ministrou cursos, palestras e workshops em universidades e museus de vários estados brasileiros, além de ser convidada por instituições culturais de países como Cuba e Alemanha para expor seu trabalho.

Em 1974, fundou o Centro de Artes Visuais Tambiá, onde durante 10 anos, coordenou e participou de exposições e intercâmbios internacionais, com destaque para os trabalhos realizados com a Alemanha. Também participou do Centro Cultural Olga Benário Prestes, na década de 1980.

Paralelamente a sua produção artística, Marlene Almeida presidiu a Associação dos Artistas Plásticos Profissionais da Paraíba, de 1981 a 1983. Por volta desses mesmos anos também ministrou cursos sobre pigmentos e resinas naturais no Festival Nacional das Mulheres nas Artes de São Paulo, no Festival de Verão de Petrópolis, no MAM Rio e na cidade de Recife, entre 1982 e 1984.

Em 1992, foi uma das fundadoras da Associação Cultural José Marti, onde ainda milita. Integra o Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, organização que atua na defesa da memória das pessoas perseguidas pela Ditadura Militar brasileira (1964-1985). Entre 2014 e 2016 Marlene foi um dos membros da Comissão Municipal da Verdade de João Pessoa, criada para investigar crimes políticos e violações dos Direitos Humanos cometidas durante o regime militar na capital paraibana.

Marlene ainda mantém um atelier com uma produção intensa, localizado na sua residência, em João Pessoa, onde há mais de 40 anos vive ao lado do marido e companheiro de militância política Antônio Augusto.

“Marlene de Almeida dedica-se à uma difícil tarefa. Ela percorre as vastas regiões do Nordeste, em especial as terras da Paraíba, recolhendo areias com as quais visa realizar uma demorada alquimia produzindo os seus pigmentos e descobrindo cores de inacreditável pureza. Além desta produção artesanal de pigmentos, Marlene registra na pintura as terras em erosão e o contínuo estado de esgotamento ecológico da região onde habita. E, como um terceiro momento, em muitas ocasiões, Marlene de Almeida utiliza as próprias terras, em estado natural, para elaborar ambientes e criar verdadeiras instalações conceituais. Estas esculturas moles, este verdadeiro deslocamento de terras para ambientes inesperados, produzem um grande impacto e se transformam, pelas qualidades naturais dos materiais empregados e devido a consciência estética de sua utilização, em monumento vivo e transitório da vida possível no Brasil e da qualidade intrínseca da natureza brasileira” analisa o crítico de arte, Jacob Klintowitz sobre o trabalho artístico de Marlene com terra.

Uma das exposições mais recentes de Marlene Almeida é “Tempo para o Destino”, lançada na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, em 2012. Trata-se de uma continuidade do tema retratado em mostras como as ampulhetas modificadas de “Passatempo”, nos anos de 1990. A ideia da mostra veio através dos monitores dos voos internacionais, que mostram o ‘time to destination’, aviso do tempo que falta para chegar ao próximo aeroporto. Sem a informação da duração restante, a expressão passa a indicar um destino desconhecido, sem data ou horário previsto. “Na realidade, vivemos dessa maneira – passageiros, frágeis – até chegarmos ao nosso destino”, avalia Marlene para Audaci Junior, do Jornal da Paraíba.

Na mesma época surgiu a série “Varas de Sombra”, constituída de tubos de algodão preenchidos com areia, uma alusão às formas mais antigas de se medir a passagem do tempo, anterior até mesmo às ampulhetas. Diferentemente destas, nos tubos de algodão a areia não se esvai, pois eles estão fechados. Isso representa o desejo de controlar ou mesmo parar a passagem do tempo.

Mudando o sentido original de símbolos da passagem do tempo nesses trabalhos, Marlene Almeida faz pensar sobre a forma com a qual ele rege a vida de todas as pessoas. Suas obras provocam uma reflexão sobre como gastamos o nosso tempo, questão que aflige a própria artista que revelou que vê a sensação de efemeridade, de fragilidade de uma forma muito maior devido a maturidade da vida após os 70 anos.

 

Fontes:

http://transparencia.joaopessoa.pb.gov.br/comissaodaverdade/?page_id=33

http://artesvisuaisparaiba.com.br/artistas/marlene-almeida/

http://www.usp.br/espacoaberto/?materia=um-tempo-para-pensar-sobre-o-tempo

https://www.escritoriodearte.com/artista/marlene-costa-de-almeida/

http://www.colegiomotiva.com.br/jp/noticias/alunos-do-motiva-visitam-exposi-o-sobre-ditadura-militar-no-tre-pb/

http://acervo.memorialage.com.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/7999/LAQ-0184.pdf

http://www.jornaldaparaiba.com.br/cultura/noticia/85649_passagem-do-tempo-sem-um-destino

 

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