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Data de publicação do verbete: 07/07/2016

Manoel Xudu

“Um gênio do repente. Cada estrofe é um monumento de arte, a expressar uma cascata de emoções que despenca em uma alma profundamente humanística”.
Data de publicação: julho 7, 2016

Naturalidade: São José de Pilar – PB

Nascimento: 15 de março de 1932.

Falecimento: 26/04/1985 em Salgado de São Felix.

Atividades artístico-culturais: Poeta, cantador e repentista.

Manoel Lourenço da Silva foi um homem simples, generoso, eternamente cavalheiro, incapaz de um ato ríspido, mesmo nas horas em que sua tranquilidade corresse o risco de ser ameaçada. Nem por isso deixou de ser um poeta atormentado, de permeio, entre “o mundo e o nada”, o pranto e o riso.

Conterrâneo de José Lins do Rego e de João Lourenço, violeiro em plena atividade profissional. Mas viveu grande parte de sua vida e faleceu, na cidade de Salgado de São Félix, situada às margens do Rio Paraíba.

Segundo o pesquisador da cultura popular Ésio Rafael “A obra de Manoel Xudu exige um conhecimento maior desse gênio do repente. Cada estrofe é um monumento de Arte, a expressar uma cascata de emoções que despenca em uma alma profundamente humanística”.

E acrescenta “O repentista preenche as exigências da categoria, no que concerne, o cantador, o poeta, e o repentista. O cantador canta em qualquer estilo, atende ao mercado, espreita os acontecimentos diários. O poeta não se explica, graças a Deus! “.

Tudo tende à emoção. É o Arquiteto dos sonhos e da metáfora. O repentista é simplesmente maravilhoso! É a marca registrada do repente. É quem pega o fato no ar, muitas vezes sem saber nem o que vai dizer. “Ele pega de bote”.

O poeta era tudo isso, dentro de uma simplicidade tamanha, ele abordava os temas mais profundos, com a maior presteza. A arte do improviso alimentava corpo e alma deste poeta, do “Pilar”. Bom tocador de viola, o que é um tanto raro dentre os repentistas. Ele e Severino Ferreira quando se deparavam, o “cancão piava”, no desafio só de viola. Gostava de uma “branquinha”. Às vezes os próprios colegas o prendiam num quarto, até de motel, contanto que ele estivesse bom para o desafio noturno dos “Festivais”.

Manoel Xudu tinha o olho biônico. Seus versos eram recheados de carinho, paixão, desde quando necessários. Cantou com mais de cem, só perdeu para a jurubeba (pinga) que o levou ao túmulo. Virou repentista imortal, o maior de todos depois de Pinto do Monteiro, nesta arte extraordinária que é a poesia do repente é o grande poeta Manoel Xudu Sobrinho, Manoel Xudu, ou, simplesmente, Xudu.

Improvisos de Manoel Xudu:

Sou igualmente a pião

Saindo de uma ponteira

Que quando bate no chão

Chega levanta a poeira

Com tanta velocidade

Que muda a cor da madeira.

Cantar pra Zé de Cazuza

Pra Lourival, pra Heleno

É mesmo que matar cobra

Com um cacete pequeno

Pisar na ponta do rabo

Sem se lembrar do veneno.

Deixe de sua imprudência

Deixe eu findar a peleja

Como é que eu posso cantar

Tocar e tomar cerveja

Cachorro é que tem três gostos

Que corre, late e fareja.

Me admira é o pica-pau

Comer miolo de angico,

Tem hora que é taco-taco,

Tem hora que é tico-tico,

Nem sente dor de cabeça

Nem quebra a ponta do bico.

Minha mãe que me deu papa

Me deu doce, me deu bolo

Mãe que me deu consolo

Leite fervido e garapa

Mamãe me deu um tapa

E depois se arrependeu

Beijou aonde bateu

Acabou a inchação

Quem perde mãe tem razão

De chorar o que perdeu.

Fontes:

http://pilarpb.blogspot.com.br/2013/09/manoel-xudu-um-genio-do-repente.html

http://www.interpoetica.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1094&catid=0

http://cantigasecantos.blogspot.com.br/2013/03/poesia-manoel-xudu-um-poeta-lirico.html

http://www.luizberto.com/repentes-motes-e-glosas/manoel-xudu-e-antonio-de-padua-borges

http://culturanordestinaemfoco.blogspot.com.br/2011/10/repentista-nordestino.html

Pesquisador: José Paulo Ribeiro, e-mail: zepaulocordel@gmail.com.

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