O maior conteúdo digital de cultura regional do país
Registro das artes e culturas da Paraíba
O maior conteúdo digital de cultura regional do país
Registro das artes e culturas da Paraíba
Data de publicação do verbete: 06/10/2020

Elizabeth Teixeira

Elizabeth Teixeira uma camponesa marcada pela resistência.
Data de publicação: outubro 6, 2020

Naturalidade: Sapé – PB

Nascimento: 13 de fevereiro de 1925

Filha de um comerciante dono de fazenda, Elizabeth Altino nasceu em 13 de fevereiro de 1925, na cidade paraibana de Sapé. Aos 16 anos deixa a casa dos pais, que não apoiavam seu relacionamento com João Pedro Teixeira por preconceito racial e de classe social, dado o fato do futuro marido de Elizabeth ser negro e pobre.

Agora Elizabeth Altino Teixeira, fixa residência no estado de Pernambuco com João Pedro, prosperando por algum tempo nos anos seguintes e cuidando de seus 11 filhos. O casal se muda de volta a Sapé devido ao envolvimento de João Pedro Teixeira nas causas trabalhistas da Liga Camponesa pela reforma agrária, motivo pelo qual também foi encomendado seu assassinato por latifundiários locais em 1962.

Após a morte do marido, Elizabeth Teixeira passa a liderar a Liga Camponesa de Sapé e posteriormente a Liga Camponesa da Paraíba, advogando pelos direitos dos trabalhadores rurais no estado e a nível nacional. Também é procurada pelo cineasta Eduardo Coutinho, no intuito de retratar nas telas a história de João Pedro Teixeira em um filme chamado Cabra Marcado Para Morrer. As filmagens, no entanto, foram interrompidas por repressão do regime militar e fizeram todos os membros da produção se dispersarem.

Elizabeth sofreu terríveis perdas lutando pelas causas trabalhistas. Além de viúva, foi assolada pelo suicídio da filha que, deprimida pela morte do pai e pelas sucessivas prisões da mãe – a quem ela acreditava que teria o mesmo destino – tirou a própria vida em um momento de desespero. Futuramente perdeu outros dois filhos de forma ainda mais trágica que a que perdera o marido, mas no semelhante cenário da eterna guerra contra o latifúndio.

Cercada pela violência, ela se refugia no Rio Grande do Norte sob o nome de Marta Maria Costa até ser procurada novamente por Eduardo Coutinho para, quase vinte anos depois, recomeçar a produção de Cabra Marcado Para Morrer, com Elizabeth como protagonista e várias outras personalidades do filme original também como personagens do, agora, documentário. O diretor continuou sua amizade com Elizabeth Teixeira mesmo após o lançamento do longa-metragem, ajudando-a inclusive a voltar à Paraíba e a morar em João Pessoa.

Nos anos seguintes Elizabeth foi amplamente homenageada, como em seus aniversários de 90 e 95 anos, prêmios como a Medalha Epitácio Pessoa e o Prêmio Bertha Lutz, eventos em honra da sua luta e em memória de João Pedro Teixeira, entre outros. Foi ainda protagonista de mais um dos três filmes de Eduardo Coutinho sobre Cabra Marcado Para Morrer, chamado A Família de Elizabeth Teixeira, antes do assassinato do diretor em 2014.

Na cidade de Sapé, o lar onde viveu a família Teixeira antes da morte de João Pedro é hoje o Memorial das Ligas Camponesas, inaugurado e aberto à visitação no ano de 2011. Elizabeth Teixeira vive hoje em João Pessoa e mesmo com a idade avançada persevera e continua sua luta.

Adailson Paiva

Fontes:

CABRA Marcado Para Morrer. Direção de Eduardo Coutinho. Rio de Janeiro: Mapa Filmes, 1984. (119 min.).

A FAMÍLIA de Elizabeth Teixeira. Direção de Eduardo Coutinho. Rio de Janeiro, 2013. (65 min.).

PAGENOTTO, Maria Lígia. De Olho na História (II) — Elizabeth Teixeira, 95 anos, uma camponesa marcada pela resistência. De Olho Nos Ruralistas, 2020. Disponível em: https://deolhonosruralistas.com.br/2020/02/05/de-olho-na-historia-ii-elizabeth-teixeira-95-anos-uma-camponesa-marcada-pela-resistencia/. Acesso em 03 de out. de 2020.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *