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Data de publicação do verbete: 09/09/2019

Biu Ramos

Jornalista e escritor, sua carreira profissional é marcada pela sua atuação em emissoras de rádio e em jornais impressos.
Data de publicação: setembro 9, 2019

Naturalidade: Santa Rita-PB

Nascimento: 19 de agosto de 1938 / Falecimento: 29 de julho 2018

Atividades de exercício profissional:  Jornalista e escritor.

 

O paraibano Severino Ramos Pedro da Silva, mais conhecido como Biu Ramos, nasceu no dia 19 de agosto de 1938, na Usina São João, situada no município de Santa Rita, região metropolitana de João Pessoa. Nessa mesma Usina que era fabricante de álcool e açúcar ele cursou o primário. Após finalizar essa etapa escolar, Biu Ramos ficou sem estudar porque seus pais não tinham condições de pagar transporte escolar para os seus estudos em João Pessoa. Por ter uma desenvoltura de destaque, ele atraiu a atenção de um dos membros da família proprietária da Usina. Então, Biu Ramos ganhou uma bolsa de estudo que pagava o transporte e se tornou aluno por dois anos da Escola Industrial de João Pessoa. Mas, essa área de mecânica não o atraiu. Desde jovem, ele tinha muita vontade de escrever como jornalista e quando frequentava ainda essa instituição, ele comprava toda semana jornais do Rio de Janeiro, de Recife e de João Pessoa como os do Correio da Paraíba, do Diário de Pernambuco, Jornal do Comércio, A União.

Certa vez, ele escreveu um artigo e esperou a oportunidade de entregar ao Correio da Paraíba. Exatamente no dia 24 de agosto de 1954, morte do Presidente Getúlio Vargas, as aulas foram suspensas, ele foi à empresa e entregou seu texto ao secretário do Correio da Paraíba. Dois dias depois, publicaram o artigo, ele se empolgou e começou a escrever como colaborador. Após certo tempo, aconteceu um fato inusitado que o levou a ser contratado. Numa entrevista concedida ao jornalista Gabriel Botto, em 2017, Biu Ramos descreveu esse evento: “Chegou uma vez lá que o editorialista do jornal era o doutor Ivaldo Falconi, que era promotor público da capital. E o doutor Ivaldo não batia em máquina, não sabia de datilografia, ele escrevia à mão os artigos enormes, editorial e notas políticas, eram artigos imensos que ocupavam uma parte do jornal. E ele chegou certa vez lá no jornal por volta das seis horas da noite, eu estava lá ainda por coincidência (…). Quando ele entrou apressado dizendo para o secretário, que era Expedito Silva, eu preciso de um datilógrafo que estou muito apressado e muito atrasado, eu tenho um compromisso ainda hoje à noite. Aí Expedito apontou para mim: esse é um datilógrafo logo de primeira, é esse aí (…), me sentei na máquina, ele ditou o artigo para mim, duas laudas e meia (…), eu já era muito ágil em datilografa (…). E quando terminou, ele leu (…) disse: ele trabalha aqui no jornal? Aí, Expedito disse: não, ele é colaborador, ele veio aqui só trazer uma matéria para a gente.”  Em seguida, Ivaldo Falconi afirmou: “Pois pode contratar ele como meu datilógrafo, amanhã às 9h esteja aqui todo dia. (…) e fiquei no Correio datilografando os artigos do doutor Ivaldo Falconi que era o editorialista e o comentarista político.”

Com apenas 17 anos de idade, em 1954, ele iniciou sua vida profissional escrevendo para o jornal Correio da Paraíba. Espontaneamente ele saiu da escola Industrial e se matriculou no Lyceu Paraibano. Pois, ele já tinha obtido o suporte financeiro.

A partir de então, ele se dedicou intensamente ao jornalismo: “É a minha vocação (…) a minha vontade era ser jornalista”. Foi como repórter de política que Biu Ramos se consagrou. Por meio dos seus comentários, ele causava repercussões.

A sua carreira profissional é marcada pela sua atuação em emissoras de rádio e em jornais impressos. Trabalhou durante 14 anos para o jornal Correio da Paraíba onde ascendeu profissionalmente e exerceu diversos cargos como secretário, repórter, colunista, chefe de reportagem, secretário, editor, etc. 

Ele também foi colunista do jornal O Norte, onde estreou a polêmica coluna Linha Direta, além das entrevistas realizadas aos domingos.

O jornalista entrou para a história da Paraíba por diversas conquistas ao longo de sua carreira. Ele foi o primeiro correspondente do Jornal do Brasil na cidade de João Pessoa. Essa atividade jornalística ocorreu de 1965 a 1975. Ainda como correspondente nacional, ele trabalhou para a Folha de São Paulo e para as revistas Realidade e Veja

Entre os cargos de direção assumidos, destaca-se o de ser o primeiro diretor sucursal do jornal Diário de Pernambuco na capital paraibana. Além disso, ele foi diretor-geral da rádio Tabajara e diretor-superintendente do jornal A União,seu último cargo público.

Em 1967, Biu Ramos se tornou o primeiro chefe de redação da Secretaria de Comunicação do Governo da Paraíba. Na função, ele estruturou a comunicação institucional. 

Em um tempo em que o prefeito da capital era indicado pelo Governador do Estado, Biu Ramos foi convidado para fazer parte da assessoria de imprensa da prefeitura de João Pessoa no mandato de Hermano Almeida.

Durante o governo de Tarcísio Burity (1979 – 1982) (1987 – 1991), Biu Ramos foi convidado para ser secretário de Cultura Esportes e Turismo da Paraíba: “Eu tinha uma admiração especial por Tarcísio Burity, é um dos homens públicos mais corretos da Paraíba, mais honesto, de grande capacidade administrativa, um intelectual brilhante (…).” 

Na área acadêmica, ele cursou Direito, na época não havia curso de Jornalismo: “Eu tinha muita vocação também para Direito, eu achava o curso muito bonito (…) e depois fiz um concurso para Procurador do Estado. Aí Burity me nomeou Procurador do Estado e foi minha aposentadoria, né? (risos). Um desfecho muito bom”. Esse fato aconteceu no final segundo mandato do governador Tarcísio Burity. Ainda sobre o político, Biu Ramos falou uma curiosidade: “Ele foi o meu professor da faculdade de Direito, eu estudei com ele e aí aumentou a minha admiração por ele.”  Biu Ramos afirmou também que nas campanhas políticas se oferecia para ajudar por simpatia ao Tarcísio Burity.

Como escritor, publicou oito livros, entre eles têm-se Crimes que abalaram a Paraíba (onde tratou de fatos polêmicos como a morte de João Teixeira, líder da Liga Camponesa de Sapé. Segundo Biu Ramos é uma das suas obras mais marcantes), Memórias de um Repórter, Arca dos Sonhos Mocidade e outros heróis, A verdade de cada um, Era uma vez um boêmio – histórias e fantasias de mesa de bar e as biografias dos ex-governadores Tarcísio Burity (Burity: esplendor & tragédia) e de João Agripino (Agripino – O Mago de Catolé).

“(…) a minha vida é essa mesmo. As aventuras são da profissão. A profissão é muito atribulada, muito cheia de lance, episódios, mas é próprio da profissão de jornalista. Não teve nada de excepcional, nada de ameaça de morte, nada de… embora eu tenha feito reportagens muito arriscadas, muito polêmicas. Essa aqui Crimes que abalaram a Paraíba, essa deu um bolo danado, tinha gente que sofreu ameaça de morte, mas eu nunca sofri ameaça de morte. Tinham os descontentes que não queriam que eu dissesse, escrevesse sobre a verdade”, afirmou Biu Ramos ao jornalista Gabriel Botto.

Ele se tornou um ícone na história da Paraíba e referência para os profissionais de diferentes gerações da imprensa paraibana. “Eu exerci minha profissão com muita liberdade, independência. Havia evidentemente os contrariados que pegavam umas brigas aí desnecessárias e havia muitos grupos que se sentiam contrariados (…) mas, nunca com ameaça.”

Ele deixou três filhos do primeiro casamento com Helena Cruz e dois, do segundo casamento com a psicóloga Lúcia Sá.

O jornalista faleceu, em João Pessoa, no hospital Memorial São Francisco, aos 79 anos de idade. O motivo da morte seria em razão de complicações de um quadro de pneumonia. O seu corpo foi velado numa manhã de domingo, no prédio da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).

Por Marcela Mayara

Fontes: 

Áudio do jornalista Gabriel Botto numa entrevista com Biu Ramos

Portal Correio:  http://bit.ly/PortalCorreio

Portal Correio: http://bit.ly/PortalCorreioCidades 

Site os Guedes: http://bit.ly/OsGuedes

A União:  http://bit.ly/AUniao

Portal G1: http://bit.ly/BiuRamos

 

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