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Data de publicação do verbete: 17/10/2016

Benedito do Rojão

Compositor, violeiro cantador, ritmista e músico regional. Ganhou vários prêmios e troféus; além de ser agraciado com o Título de Mestres das Artes da Paraíba.
Data de publicação: outubro 17, 2016

Município: Campina Grande-PB

Nascimento: 04 de julho de 1938.

Contatos: (83) 99121-0629/ 99308-1276 / 99129-6137

Atividades artístico-culturais: Compositor, violeiro cantador, ritmista e músico regional.

Apresentações: Teatros, shows de calouros, programas de TVs e rádios, Festival – Forró Fest (2003), entre outros.

Prêmios/Títulos: Mestres das Artes da Paraíba, homenageado no 16º Forro Fest (2004) com o Troféu Asa Branca, entre outros.

João Benedito Marques, “Benedito do Rojão”, nasceu no Sítio Juá, Distrito de Boa Vista, no Cariri Paraibano, pertencente à cidade de Campina Grande.  Ficou conhecido por este nome devido à facilidade que tinha de tocar e cantar vários ritmos musicais entre eles um derivado do forró, o “rojão”. Nas primeiras décadas do século XX, seu pai Benedito Eleotério viveu na fronteira entre Paraíba e Pernambuco, mais precisamente em Goiânia-PE.

O pai de Benedito era vaqueiro e carreiro e foi com ele que teve os primeiros contatos com a música. Seus avós paternos cantavam coco e certamente vem daí as maiores influências artísticas. A musicalidade e tradição foi passada de geração a geração.

O pai do artista chegou a formar uma roda de coco, na qual era o mestre e puxava a dança do coco tocando e cantando. Nessas rodas de coco, a base instrumental era formada pelo zabumba, triângulo, caixa, ganzá e caracaxá.

Outra influência musical que Benedito do Rojão recebeu foi de seu professor de alfabetização (que o ensinou a ler e escrever) e que tocava violão e era seu grande incentivador, bem como, também foi influenciado por Cícero Idalino que tocava sanfona de oito baixos.

Quando ainda era menino, um sanfoneiro de (oito baixos) chamado Severino Biró chegou à região para tocar os forrós do sítio. Foi em um intervalo dessas festas, que Benedito do Rojão pegou o pandeiro e começou a tocar. Chamando a atenção do público e do artista. E foi convidado para acompanhar algumas músicas durante a festa.

Percebendo o talento do menino, Severino Biró o convidou para viajar e tocar as festas com ele. Certo de que sua mãe não aceitaria, o menino explicou que não podia viajar sem autorização dela, então Biró foi até sua residência convencer (a mãe de Benedito) que seu filho tinha talento e deveria mostrá-lo. Foi assim que aos 13 anos, Benedito do Rojão começou sua carreira artística.

Porém, naquela época o grupo de forró já tinha um pandeirista e até chegar a este cargo, o menino tocou caracaxá melê. Depois de um tempo, em uma de suas idas a Campina Grande conheceu o “Rei do Ritmo, Jackson do Pandeiro”. Nesse período também passou a frequentar a feira de Campina Grande, cenário onde se reuniam tocadores de coco, pandeiro, sanfoneiros e muitas outras expressões culturais.

O rádio também influenciou a veia artística de Benedito do Rojão. Naquela época chegou a participar do programa de calouro Domingo Alegre, na rádio Borborema. Com isso, acabou sendo convidado a tocar no conjunto da Rádio Borborema e passou a ser remunerado por esta atividade.

A partir da década de 1960, Benedito do Rojão começou a compor e tocar viola. Em 1964, deixou os outros instrumentos e passou a dedicar-se apenas a viola. Dois anos depois, participou da inauguração da TV Canal 9 (atual TV Borborema), em Campina Grande.

Em 2003, o artista gravou o seu primeiro CD, que foi reproduzido artesanalmente em pequenas tiragens e foi divulgado em shows na cidade de Campina Grande e adjacências, o que redundou num grande reconhecimento de sua originalidade e capacidade inventiva, culminando com a homenagem ao artista no 16º Forro Fest, realizado em 2004, quando Benedito do Rojão recebeu o Troféu Asa Branca.

Por outro lado, a gravação do disco deu novo alento à criatividade de Benedito levando-o a compor novas canções, como a pungente Sertão e Sofrimento, classificada em 2º lugar no 17º Forro Fest (2005). No ano seguinte, mais uma vez o artista é classificado em 2º lugar no Forro Fest. Neste mesmo ano Benedito grava seu segundo CD, por meio dos apoios da UFCG, através da Secretaria de Projetos Estratégicos, do Projeto Universidade Camponesa, da Unidade Acadêmica de Arte e Mídia, do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido (GPDSA) e, ainda, da Prefeitura Municipal de Campina Grande.

Ao longo da sua carreira artística, Benedito do Rojão ganhou vários prêmios e troféus, além de ser agraciado com o Título de Mestres das Artes da Paraíba. O trabalho do artista foi reconhecido através do beneficio “Registro Mestre das Artes”, criado pela Lei Estadual Canhoto da Paraíba, que beneficia artistas de reconhecido valor cujo trabalho tenha contribuído ao longo dos anos para a formação do patrimônio cultural paraibano.

A Lei Canhoto da Paraíba garante ao artista contemplado a quantia de dois salários mínimos mensais, até o fim de sua vida. Para ser agraciado com o Registro Mestre das Artes, o requerente tem que ser artista com atuação comprovada de no mínimo 20 anos, paraibano ou brasileiro residente na Paraíba há mais de 20 anos e estar capacitado a transmitir seus conhecimentos ou técnicas a potenciais alunos.

O merecimento de Benedito do Rojão veio através de seu trabalho incansável de divulgação da cultura popular nordestina presente em suas músicas e composições.

Afastado da carreira artística pela dura luta pela sobrevivência, Benedito do Rojão continuou a fazer pequenas apresentações e nunca deixou de compor o Coco de roda, rojão, xote, baião e outros gêneros regionais. Porém permaneceu à margem do mercado fonográfico e da mídia por mais de 35 anos.

Em maio de 2013, Benedito do Rojão teve a sua vida e obra retratada num filme não ficcional “A entrada do rojão”. Uma produção do diretor Riccardo Migliore. O filme percorre algumas etapas e lugares centrais na trajetória artística e humana de Benedito, um excelente perpetuador da melhor tradição musical da Paraíba.

Benedito do Rojão é a pura expressão de um tempo esquecido pelas novas gerações, reavivado através de suas canções que são uma contribuição para a preservação e continuidade da memória cultural de nossa região.

Fontes:

http://dspace.bc.uepb.edu.br:8080/jspui/bitstream/123456789/3208/1/PDF%20-%20Herbert%20de%20Andrade%20Oliveira.pdf

http://www.ufcg.edu.br/prt_ufcg/assessoria_imprensa/mostra_noticia.php?codigo=4456 /

http://www.forroemvinil.com/cd-benedito-do-rojao-tem-coco-na-paraiba/

 

Documentário: http://curtadoc.tv/curta/cultura-popular/a-entrada-do-rojao/ 

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