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Porto do Capim: história, cultura e resistência

Bianca Patrícia Rosa

A Comunidade do Porto do Capim, compreendendo a Vila Nassau e Vila Frei Vital, é lugar de nascimento do município de João Pessoa, em 1585, à margem direita do Rio Sanhauá, afluente do Rio Paraíba. Esta região já foi um cenário de fartura na cidade, com forte comércio, atividade pesqueira e agricultura. Com a mudança do porto para o município de Cabedelo em 1935, a área passou a ser abandonada pelos poderes públicos, transformando assim a realidade de quem vivia ali.

Cosme de França, ou Seu Cosme, tem 69 anos e é o pescador mais antigo do Porto do Capim. Natural do município de Santa Rita, ele pesca desde os 12 anos e mora há 38 anos na comunidade. Na vila, construiu sua casa e criou 8 filhos – alguns deles permanecem na região, outros estão espalhados pelo Brasil.

 

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Cosme trabalhou em estaleiros no bairro de Jacaré, em Cabedelo, quando se mudou para João Pessoa. Nesta época ele diz que fazia parte de uma comunidade totalmente diferente – foi nela onde ele se oficializou como pescador e acumulou todo o conhecimento sobre essa atividade já não tão em evidência na cidade.

“Eu morando aqui comprei 3 freezers. Ficavam todos cheios”, diz o pescador ao lembrar da agricultura e diversidade da pesca nas ilhas do estuário. “Eram mais de 20 pessoas pescando camarão aqui”, relata. O rio Paraíba, que já proveu rendimentos para diversos cidadãos de João Pessoa e regiões vizinhas, vem passando por um processo de assoreamento que teve início na expansão descontrolada da atividade canavieira e no crescimento das cidades em suas margens nas décadas passadas.

Apesar das condições do rio, a área ainda é fonte única de renda para diversas famílias, que muitas vezes vêm de municípios vizinhos como Santa Rita. Os principais focos estão na pesca de peixes e coleta de mariscos e caranguejos. O trabalho já árduo torna-se ainda mais difícil em um águas que já não conseguem mais oferecer a abundância de antes.

 

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Um dos grandes empasses da Comunidade Porto do Capim atualmente é o risco de remoção pela prefeitura. Os moradores são acusados pela degradação ambiental da área. Segundo Regina Gonçalves, professora de História, “o argumento não se sustenta porque a vida cotidiana da população e suas relações com o rio/manguezais resultaram na preservação dos mesmos (que estavam destruídos/degradados por obras malsucedidas durante a reforma do porto nos anos 1920) e também na coesão da vida comunitária”.

 

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A falta de projetos públicos que integrassem a natureza e a comunidade acentuou os males hoje observados no local: os pescadores reconhecem as mudanças na biodiversidade, na qualidade da água – na vida do rio.

Apesar dos descasos, a comunidade do Capim, composta por cerca de 500 famílias, resiste através de uma vida comunitária rica, que pulsa através da arte, da cultura e do peso da história local. Prédios abandonados ganham vida através da arte de rua. As vilas vêm sendo ocupadas por movimentos de contação de história, de maracatu. A associação de mulheres do Porto de Capim, o grupo de jovens Garças do Sanhauá, o movimento Ocupa Porto do Capim: todos unidos para mostrar que há gente, que há história, que há vida.

 

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Você pode acompanhar o relato fotográfico completo no Instagram @multiplataformaufpb.

Uma resposta

  1. Olá pessoal … Vamos lutar pela restauração de nosso Centro Histórico e do famoso Porto do Capim … todo esse patrimônio pode ganhar nova vida e ampliar ainda mais o turismo de João Pessoa e da nossa querida PARAÍBA !!! UM FELIZ ANO NOVO COM AS BENÇÃOS DE DEUS NOSSO ETERNO PAI !!!

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