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Data de publicação do verbete: 02/12/2015

Walter Carvalho

Fotógrafo e cineasta premiado. Revolucionou a estética fotográfica da telenovela brasileira. Assinou algumas das mais belas imagens do cinema contemporâneo.
Data de publicação: dezembro 2, 2015

Naturalidade: João Pessoa – PB / Radicado no Rio de Janeiro – RJ

Ano de nascimento: 1947

Atividades artístico-culturais: Fotógrafo e cineasta.

Premiações: Entre os mais de 40 prêmios que já recebeu, destacam-se os troféus em festivais internacionais voltados para fotografia, como o CameraImage, na Polônia, em que recebeu o Golden Frog por “Central do Brasil”, e o Festival da Macedônia, onde recebeu a Câmera de Prata por “Terra estrangeira” e duas Câmeras de Ouro, por “Central do Brasil” e “Lavoura arcaica” (2001), de Luiz Fernando Carvalho. Por este filme recebeu ainda os troféus de melhor fotografia nos festivais de Cartagena e Havana, o prêmio da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC) e o Grande Prêmio BR do Cinema Brasileiro.

Walter Carvalho teve o seu primeiro contato com o cinema através do seu irmão Vladimir Carvalho, 13 anos mais velho, por volta dos anos de 1970.

O cineasta relembra que em uma ocasião, ainda criança o seu irmão lhe mostrou o filme: “O balão vermelho” de 1957, esse filme mexeu muito com ele e talvez tenha auxiliado a pensar no cinema como imagem.

Segundo Walter Carvalho, outro momento que o marcou, foi em uma viagem de férias para Itabaiana-PB, em certa ocasião ele presenciou um homem alto montando todo um aparato que era uma câmara fotográfica, fazendo foto do seu tio e tia, o flash de magnésio em pleno dia, o deixou muito fascinado e para intrigá-lo mais, tempos depois ele viu a foto impressa num prato, esses foram os dois momentos que o marcaram perante a imagem.

Walter Carvalho depois começou a desenhar e pintar ainda na adolescência, mas nunca teve a intenção de ser pintor. Quando foi para o Rio de Janeiro em 1968, devido à perseguição da ditadura militar, acabou prestando vestibular e passando para a Escola de Desenho Industrial (ESDI), graças a uma cadeira de fotografia e um professor, Roberto Dias, esse o ensinou a gostar de fotografia e assim sabendo a sua verdadeira vocação.

O seu primeiro trabalho cinematográfico foi junto ao seu irmão Vladimir Carvalho, projeto intitulado de “O País de Saruê”, trabalhando como assistente de produção, e desde então, revolucionou a estética fotográfica da telenovela brasileira e assinou, como diretor de fotografia, algumas das mais belas imagens do cinema brasileiro contemporâneo, como as de “Terra Estrangeira”, “Central do Brasil” e “O Primeiro Dia”, de Walter Salles.

Apesar dos dissabores, os laços artísticos do fotógrafo com seus conterrâneos foram mais fortes, e Walter acabou se reintegrando à produção cinematográfica paraibana através dos filmes Passadouro (1999) de Torquato Joel, premiado nos festivais de cinema de Brasília e de Gramado, e A Canga (2000/2001) de Marcus Vilar. E também, integrou o “Projeto Varadouro”, catálogo que reúne também fotos de Antônio Augusto Fontes e Gustavo Moura, e poemas de Políbio Alves, Juca Pontes, Chico Lino e Marcus Tavares, sobre o antigo bairro da cidade de João Pessoa.

Após a chamada Retomada, a partir de “Carlota Joaquina” (1995), de Carla Camurati, Walter Carvalho participou de mais de 30 filmes, entre ficção e documentário, seja como diretor e diretor de fotografia, entre outras funções. Muitos deles, paradigmáticos deste novo momento do cinema tupiniquim, como Terra estrangeira (1995), Central do Brasil (1998), Notícias de uma guerra particular (1999), Lavoura arcaica (2001), Madame Satã (2001), Abril despedaçado (2001), Janela da alma (2001), Amarelo manga (2003), Carandiru (2003), Cazuza – O tempo não para (2003), Entreatos – Lula a 30 dias do poder (2004), Crime delicado (2005), Moacir arte bruta (2005), O céu de Suely (2006), Baixio das bestas (2007) e Budapeste (2009). Em 2010, o diretor finalizou o documentário, Raul – O início, o fim e o meio, que aborda a vida do Maluco Beleza.

Na TV, Walter dirigiu a fotografia dos primeiros capítulos da novela “Renascer” e “O Rei do Gado”, da Rede Globo; onde realizou um trabalho cuidadoso com a função, e a beleza da imagem; da mesma forma que realizou, nas obras cinematográficas. Ele também atuou como diretor em  alguns episódios da série “Carandiru” – outras histórias (2005).

Sua apurada fotografia cinematográfica tem a marca inconfundível do cinema brasileiro da segunda metade do século XX, assim como testemunha as transformações sociais, políticas e culturais pelas quais o Brasil tem passado nas últimas décadas. Walter Carvalho é hoje um dos principais fotógrafos do cinema brasileiro contemporâneo, se não o principal.

Seu filho, Lula Carvalho, também enveredou na carreira cinematográfica e está se tornando um dos mais importantes diretores de fotografia do cinema brasileiro contemporâneo, junto com o pai.

O artista que atua  na produção de documentários declara enfaticamente “O documentário você não inventa, vai em busca das histórias, do tema. E tem uma coisa curiosa que fui vendo com o tempo, que o cinema documentário me recolocava com a realidade, na medida em que eu não podia controlá-la, tinha que ficar ao seu bel prazer, desde a questão da luz, o sol se pondo, até filmes de observação ou com entrevistas dentro de uma casa que tem não como iluminar, ou porque não dá tempo, ou porque não deve, ou porque não pode, não tem luz elétrica. Enfim, uma série de fatores que você tem que saber como tirar proveito dessa situação, desse momento da vida do filme. Você não controla, a pessoa põe uns óculos que reflete, e você não pode pedir para tirar. Na ficção, você tira, inventa, usa óculos sem lente”.

Walter Carvalho define-se “Eu sou um documentarista, até porque eu fotografo, tenho um trabalho paralelo como fotógrafo, tenho livros publicados, faço exposições todos os anos, participo de coletivas, faço parte da comunidade de fotógrafos de still”. O artista acrescenta “E meu trabalho é documental, trabalho com a realidade, não preparo nada em estúdio, não tenho estúdio. Sou um fotógrafo em busca da esquina, me interessa esquina, o humano que está nesta cidade desprovida de proteção, absolutamente são veias abertas. O perigo, a publicidade, a coisa da cidade anunciada que me interessa no meio disso tudo”.

Fontes:

http://www.saraivaconteudo.com.br/Entrevistas/Post/10352

https://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Carvalho

http://www.filmeb.com.br/quem-e-quem/diretor-diretor-de-fotografia-documentarista/walter-carvalho

 

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