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Data de publicação do verbete: 22/03/2019

Políbio Alves

Nascido em 8 de janeiro de 1941, no bairro de Cruz das Armas, Políbio Alves é escritor e poeta.
Data de publicação: março 22, 2019

Naturalidade: João Pessoa- PB

Nascimento: 8 de janeiro de 1941

Atividades artístico-culturais: Poeta/Escritor

Email: polibioalvesjpa@gmail.com

Facebook: http://facebook.com/poetapolibioalvesjpa

 

Nascido em 8 de janeiro de 1941, no bairro de Cruz das Armas, o escritor e poeta Políbio Alves foi alfabetizado por sua mãe. Aos 10 anos, se mudou para o Varadouro, onde vivia numa casinha coberta de Palha na Ilha do Bispo, em condições muito difíceis, sua mãe decidiu arrumar um emprego para ele na Maciel Pinheiro, importante avenida da região. Foi aí que Políbio deixou o mangue para conhecer a fervilhante irreverência do centro da capital paraibana.

Lá na Maciel Pinheiro, conheceu diversas prostitutas, algumas delas seriam inspiração para seus textos, elas o adoravam, mas ele nunca pensou em sexo “só pensava em ter um prêmio”, brinca ele, que gostava mesmo era de ler poesias para elas. Entre as mulheres que conheceu, lembra-se de Berta, uma prostituta que alfabetizava as crianças do bairro “a casa dela na frente era um cabaré e atrás seu lugar de repouso, onde dava aula aos pequenos”, Berta também foi o amor de um amigo seu, mas naquela época, nas décadas de 50 e 60, o romance se complicou porque as pessoas eram muito preconceituosas.

E foi às margens do Sanhauá,  num cenário de histórias quase trágicas demais, entre o tradicional e o boêmio, que Políbio se concebeu enquanto escritor, tinha forte influência de Sartre, filósofo francês. Ele admite ter passado por uma daquelas fases difíceis da adolescência: “nessa época tinha meia dúzia de colegas, a gente achava que era diferente de todo mundo, eu andava de preto, só de preto, por causa de Sartre. Ele era minha inspiração, a gente só saía de noite e não falava com as pessoas para não ser contaminado por elas”.

Ainda nessa época, venceu seu primeiro concurso com o conto “As estátuas subterrâneas”, também com forte influência de Sartre, no Lyceu Paraibano, onde concluiu o 1º e 2º ano do clássico. Em 1963, partiu para o Rio de Janeiro, ganhando o título de cidadão carioca por conta de seus trabalhos na educação popular. Durante a ditadura militar, chegou a ser preso, tendo presenciado o assassinato de um colega dentro da universidade. Voltou à Paraíba em 1980, onde passou a publicar contos no tradicional suplemento Correio das Artes do jornal “A união”. O primeiro livro publicado foi “O que resta dos mortos”, através do Conselho de Cultura da Paraíba.

Daí em diante, teve sua obra divulgada pela professora e crítica literária Elizabeth Marinheiro, que, em suas andanças pelo mundo, levou o seu livro para Cuba, sendo traduzido e lançado pela Casa das Américas, intitulado “Lo que queda de los muertos”. Surgiu então a oportunidade de visitar o país. Políbio foi, e em seguida teve a ideia de escrever “A leste dos homens”. Anos depois, acordou inquieto no meio da noite, com a necessidade de reescrevê-lo. A obra é um dossiê dos regimes ditatoriais vividos no Brasil, para enfatizar e lembrar o que foram os anos 30, 64 e o que vivemos nos dias atuais. Contudo, segundo o próprio Políbio, a natureza da violência é tão atroz que “nenhum poeta pode dizer o que é a tortura”.

Seu livro mais recente se chama “Acendedor de relâmpagos”, a obra conta a saga de Antônio lavrador, uma coletânea de poemas épicos que é, mais do que tudo, a saga da nossa gente, de nosso país, explorados pelo que vem do exterior. Uma narrativa forte, explícita e dolorosa.

Entre outras obras de destaque, estão: “O que resta dos mortos” (2003, editora da UFPB); Os ratos amestrados fazem acrobacias ao amanhecer” (2014, pela A União Editora).

Encarando a possibilidade de que está envelhecendo, ele deseja ser lido enquanto vivo, por isso, busca publicar onde sabe que terá retorno, não por desejo de fama, o que seria ótimo ele não nega, mas porque precisa ser ouvido. E é este o maior prazer de ser escritor: quando se é lido, se é vivido. E é mesmo verdade, não é? Dizem por aí que você morre duas vezes, a primeira, quando você está em um caixão e a segunda, quando alguém menciona seu nome pela última vez. De todo modo, uma coisa é certa, Políbio jamais morrerá de silêncio.

Por: Denis Teixeira

Fonte: Entrevista/Políbio Alves

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