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Data de publicação do verbete: 14/11/2023

Nivalson Miranda

Artista plástico e escritor.        
Data de publicação: novembro 14, 2023

Naturalidade: João Pessoa – PB                                                

Nascimento: 1 de fevereiro de 1927  // Falecimento: 17 de agosto de 2013                                        

Atividade artístico-cultural: artista plástico e escritor                                                      

Atividade Profissional: professor universitário e bioquímico 

Obras Literárias: Areia e seu entorno (2007)                                                  

Premiações: Comenda de Amigo do Exército Brasileiro (2000)                                                  

Formação Acadêmica: Graduação em Farmácia e Bioquímica pela UFPB (1963); Especialização em Análise Química pela UFMG (1964) Mestrado em Bioquímica pela UFPB (1973)

Títulos e Cargos: Membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) cadeira de nº 32; Sócio Efetivo do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica (IPGH); Sócio Honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri e Sócio da Fundação Fortaleza de Santa Catarina (FFSC)

 

Nivalson Miranda nasceu na capital paraibana, em 01 de fevereiro de 1927. Era filho do Senhor Antônio Bandeira de Miranda e da Senhora Ana Severina Fernandes de Miranda. A história de Nivalson Miranda é marcada por pontos históricos muito fortes na História do Brasil e da Paraíba. Desde muito novo, passou por situações que exigiram dele e de sua família coragem. Com a idade de três anos e cinco meses, mesmo sem ainda ter tanta noção dos acontecimentos, vivenciou o período da Revolução de 1930, quando o então presidente estadual de João Pessoa foi assassinado pelo advogado João Dantas na ‘Confeitaria A Glória’, no dia 26 de julho de 1930. Nesse período, o comando civil do movimento, no Nordeste, ficou a cargo de José Américo de Almeida, e o comando militar, sob a responsabilidade de Juarez Távora. O Partido Republicano Paulista (PRP) escolheu o paulista Júlio Prestes para Presidente da República do Brasil, com adeptos na Paraíba, denominados de ‘perrepistas’. Esses partidários eram opositores do Presidente João Pessoa, logo, sua morte foi o estopim para perseguirem os perrepistas. Como a família Miranda era perrepista, foi obrigada a sair de sua casa com destino à cidade de Recife. Nivalson Miranda discorreu sobre o fatídico assunto em uma entrevista concedida ao jornalista Henrique França, do ‘Jornal O Norte’, no dia 5 de agosto de 2006. Na entrevista ao ‘Jornal O Norte’, o artista plástico disse que ele e sua família não sofreram uma violência maior porque sua mãe era da família Fernandes e tinha uma irmã casada com o tabelião do cartório da Paraíba. A família de seu pai era de simples comerciantes perrepistas, já a família da mãe era tradicional. Nivalson Miranda era um menino bastante peralta, atitude de uma criança sadia que se deleita em brincar e fazer travessuras. Ele estudou em Recife, na Escola Amauri de Medeiros e no Colégio Padre Azevedo. No retorno à cidade de João Pessoa, com a idade de 12 anos, foi estudar na Escola de Artífice, para aprender a arte de tipografia e da encadernação. Concluiu o curso profissional em 1940. Foi apaixonado pela arte desde a juventude e ‘buscava seus pincéis para imortalizar, em azulejos e aquarelas, aquelas centenárias paredes dos casarios, em busca de sua preservação”. O autor ressalta que, possivelmente, a vertente artística de Nivalson Miranda tenha nascido na Escola de Artífice e que, depois de finalizar o Curso de Artífice, ele viveu na cidade de São Paulo por doze anos, onde trabalhou nos jornais ‘Última Hora’ e ‘O Dia’. Depois desse longo período morando na cidade de São Paulo, Nivalson retornou a João Pessoa, no ano de 1951, casou com D. Judith Evangelista, no ano de 1957, com quem teve quatro filhos.  Foi estudar no Lyceu Paraibano e concluiu, em 1959 e, posteriormente, foi aprovado no vestibular para o Curso de Farmácia e Bioquímica na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde se formou em 1963. Um ano depois de concluir a Graduação em Bioquímica, participou de um Curso de Especialização em Análise Química na Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1964, depois de concluir o Curso de Especialização em Análise Química, foi aprovado em um concurso público e nomeado professor auxiliar de Bioquímica da Universidade Federal da Paraíba, para lecionar a disciplina ‘Física Industrial Farmacêutica’, do Centro de Ciências Farmacêuticas. Na UFPB, trabalhou durante 27 anos, sempre conciliando a sala de aula com as pesquisas e a publicação de trabalhos  científicos. A vida acadêmica de Nivalson Miranda foi marcada por sua participação em cursos intensivos em vários estados como Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e São Paulo. Conquistou certificados expedidos por várias Instituições do país, como, por exemplo, a Faculdade de Farmácia Química de São Paulo, a Universidade de Minas Gerais, a USP, o Instituto Médico-Legal de São Paulo, e o Instituto Butantã de São Paulo.

Em 1973, cursou o Mestrado e defendeu a dissertação sobre ‘Dosagem de açúcares redutores totais em melaço de cana por fotocolorimetria’, sob a orientação do Professor Dr. Eugênio Aquarone. Realizou vários outros cursos pela UFPB, nos anos de 1970, 1971 e 1972, assumiu a responsabilidade técnica pelo Laboratório de Análise da Associação dos Servidores Públicos do Estado da Paraíba (ASPEP), no período de 1965 a 1971, e no biênio 1972 e 1973, foi vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia, vice-chefe do Departamento Industrial Farmacêutico. Foi membro do IHGP, onde ocupou a Cadeira de nº 32, cujo patrono é Ambrósio Fernandes Brandão, e o fundador, Sabiniano Maia. Nivalson Miranda continuou fazendo parte do Instituto como sócio efetivo in memoriam, devido ao que fez e representou como pesquisador e artista plástico. Também foi sócio efetivo do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica (IPGH), sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri e sócio da Fundação Fortaleza de Santa Catarina (FFSC).

Em 1993, aposentou-se como professor titular com 66 anos de idade. Como falar do artista plástico Nivalson Miranda, autodidata e conhecedor profundo de várias técnicas, apaixonado por arte e por história desde a tenra idade. Aprendeu a desenhar sozinho, só observando. O próprio Nivalson Miranda, em seu discurso de posse como sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, no dia 10 de maio de 1996, autodenomina-se como documentarista iconográfico e afirma ser autodidata: “Defino-me, hoje, como um documentarista iconográfico que, como autodidata, sempre enfoquei a história nos quase 700 trabalhos que registrei, tendo como tema central os monumentos históricos do Brasil,sejam eles uma simples capela ou a mais imponente catedral” disse ele em seu discurso.

O pesquisador Nivalson se dedicava a conhecer tudo sobre os lugares que visitava para retratar com seu bico de pena. “Com o material pesquisado, Nivalson iniciava a elaboração da obra. Juntava as fotos e os rascunhos de bico de pena e transpunha para o papel a sua obra de arte” ainda faz questão de falar que os trabalhos de Nivalson são verdadeiras aulas de História que estão espalhados na capital paraibana, como, por exemplo, a Fortaleza de Santa Catarina, a Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (ASPLAN), o Centro Cultural São Francisco e as galerias da Prefeitura Municipal.      

Ele escreveu dois poemas: ‘Orai por nós’ e ‘O calvário’, que foram publicados no caderno feminino do Jornal O Norte. Participou do curta ‘A Ninhada’, cuja história foi baseada em um conto de sua autoria, e atuou como narrador da história. Um homem de muitos talentos, dedicado a levar para o outro um pedacinho da história por meio da arte. Nivalson Miranda revelou, em entrevista, que seu interesse pela arte do brasonamento começou já na infância, quando observava os desenhos do sabonete eucalol e, através deles, sua imaginação era despertada. O autor acrescenta que Nivalson falava que dava muita atenção aos brasões, especialmente aos naussavianos – como eram chamados os brasões criados por Nassau, e prometeu a si mesmo que, um dia, reproduziria tudo o que observava. Ele conseguiu, realmente, realizar o sonho de menino e criou inúmeros trabalhos de brasonamentor – fez mais do que reproduzir brasões, pois criou outros tantos. Como exemplo dos seus trabalhos de brasonamento, podemos citar os produzidos acerca de brasões de famílias, pesquisando a origem de cada sobrenome e desenhando o brasão de cada uma. Além das pesquisas sobre brasões, realizou estudos genealógicos e sobre a formação da sociedade do estado da Paraíba. Um detalhe interessante sobre os trabalhos de Nivalson são os dados sobre o material e o método utilizado e o tamanho, o peso e a quantidade das peças. Para documentar as descobertas feitas em suas pesquisas, usava diversas técnicas como fotografia, bico de pena, azulejaria, cerâmica vitrificada, aquarela, xilogravura, madeira, linóleo e couro pirografado.

Nivalson foi internado no final do mês de julho de 2013, no Hospital Memorial São Francisco, em João Pessoa, onde sofreu uma parada cardíaca durante a cirurgia, falecendo no dia 17 de agosto de 2013, em um sábado, e foi cremado, como desejava. Suas cinzas foram depositadas nas águas do mar, perto da Fortaleza de Santa Catarina, situada no município de Cabedelo. O legado deixado por esse amante da história e da arte é constituído por sua obra, sua trajetória e por seu acervo. Nivalson Miranda era um artista plástico de pesquisa histórica aprofundada, porquanto não desenhava simplesmente por desenhar, mas realizava uma investigação aprofundada para fundamentar cada traço. Diante de tudo, observamos que cada arquivo privado pessoal é único, porque cada um carrega a vida do seu produtor e reflete quem ele foi.

Jonas do Nascimento dos Santos

Fontes:

https://brapci.inf.br/index.php/res/download/141398

https://culturapopular2.blogspot.com/2010/03/nivalson-miranda.html

https://www.ihgp.net/socios/im-memoriam/nivalson.php

  

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