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Data de publicação do verbete: 12/09/2016

José Alves Sobrinho

Poeta, cordelista, repentista e pesquisador da cultura popular. O artista recebeu vários títulos. Teses de mestrado e doutorado se inspiraram dos seus saberes folclóricos e musicais.
Data de publicação: setembro 12, 2016

Naturalidade: Pedra Lavrada – PB

Nascimento:  25 de junho de 1921 / Falecimento: 17 de setembro de 2011

Atividades artístico – culturais: Poeta, cordelista, repentista e pesquisador da cultura popular.

Obras: Lampião e Zé Saturnino; Glossário da Poesia Popular; Sabedoria de caboco; História de Campina Grande em Versos; Matulão de um Andarilho, e Cantadores e Repentistas e Poetas Populares.

José Clementino de Souto, e que ficou conhecido pelo nome artístico de “José Alves Sobrinho” nasceu no município de Picuí, na Fazenda Pedro Paulo, de propriedade dos seus pais, atualmente pertence ao município de Pedra Lavrada. Foi um mestre na arte da cantoria, desde cedo demonstrou ter vocação para o verso e para a viola. Aos 11 anos ele assistiu uma cantoria pela primeira vez, e aos 13 já estava fazendo cantorias pela região. O menino José construiu uma violinha a partir de uma caixa de charutos, até que ganhou de um vizinho uma viola de verdade.

No passado distante, ser cantador não era profissão de muito prestígio, por esse motivo seu pai quebrou uma viola em sua cabeça quando ele tinha treze anos, inconformado com a realidade de que um filho seu fosse um repentista. O pai obrigou a mudar o nome para “evitar constrangimentos”. Assim é que “José Clementino de Souto” (ou Zuzu para os conterrâneos) tornou-se “José Alves Sobrinho”, nome artístico que iria acompanhá-lo para o resto da vida. Aos quinze anos, não suportando a opressão paterna, ele saiu de casa. Em 1938 escreveu o seu primeiro folheto, cujo título era “Quem matou também morreu”, sobre Lampião que tinha morrido há pouco.

Durante muitos anos teve programas de poesia popular em diversas rádios do Nordeste, cantou na Rádio Clube de Pernambuco, na Rádio Tabajara da Paraíba. Cantou para Assis Chateaubriand, José Lins do Rego entre outras personalidades. José Alves Sobrinho cantou com 91 cantadores.

Aos 38 anos perdeu a voz por um problema nas cordas vocais, mas voltou a recuperar. Faleceu aos 90 anos (2011), na cidade de Campina Grande, em decorrência de um câncer, deixando uma vasta bibliografia que inclui folhetos de cordel e algumas obras de referência como o Dicionário Bio-bibliográfico de Repentista e Poetas de Bancada (Editora da UFPB, 1978), que assinou em coautoria com Átila Almeida (1923-1991). O dicionário é considerado uma referência obrigatória na pesquisa do cordel e da cantoria.

Ele foi um dos poucos cantadores de viola que, além de dominar esta difícil arte, conseguiu transmitir todo o seu conhecimento e experiência em seus livros. Entre anotações e lembranças, livros e fotografias, José Alves possui um dos maiores arquivos de Cultura Popular do Brasil. O poeta gostava muito de frequentar a feira livre de Campina Grande, ia a feira como se fosse a uma festa.

Ganhou o Prêmio Leandro Gomes de Barros pela Secretaria de Educação e Cultura do Município do Recife (PE), foi Sócio Fundador da Associação de Poetas e Folcloristas do Brasil, Cidadão da Poesia pela Ordem Brasileira de Literatura de Cordel, Membro Fundador da Comissão Paraibana de Folclore. Em 2004, José Alves recebeu a Medalha Honra ao Mérito Cel. Elísio Sobreira e em 2006, assumiu a cadeira de número 1 da Academia Paraibana de Literatura de Cordel.

José Alves Sobrinho foi um dos maiores repentistas de todos os tempos no mundo da cantoria, e um respeitado pesquisador da cultura do repente e da Literatura de Cordel

Estudiosos do Brasil, dos Estados Unidos, da França, da Alemanha, dentre outros, vieram até ele em busca da sua experiência e do seu saber. Dezenas de teses de mestrado e de doutorado se inspiraram dos seus saberes folclóricos e musicais.

Os seus conhecimentos provocaram a criação de uma cátedra na Universidade de Tolouse (França). O artista foi correspondente das universidades de Poitiers e de Montpelier (França) e de San Francisco (EUA). E uma pesquisadora, não satisfeita com o que aprendeu do mestre, resolveu escrever a sua biografia em alemão.

E como um tributo a José Alves Sobrinho, no ano de 2007, foi feito um vídeo documentário intitulado “A voz do poeta” mostrando a sua trajetória artística.

O poeta cantando com o poeta Gerson Carlos, num festival em Cajazeiras (PB), e foi solicitado o seguinte mote em homenagem ao prefeito Quirino: Só Quirino enlargueceu, a Rua José Tomaz. Apresentou sua obra prima do improviso:

Era fraca a simetria

Da rua que era mal feita,

Além de torta era estreita

Ao trânsito interrompia

Todo mundo prometia

Mas quem promete não faz,

Veio Quirino um bom rapaz

Fez o que não prometeu,

Só Quirino enlargueceu

A Rua José Tomaz.

O poeta cantava numa casa, onde estavam comemorando o aniversário do pai e filho, ele magistralmente constrói essa sextilha:

Temos dois aniversários

Com idades diferentes,

O pai entre os pecadores,

O filho entre os inocentes,

O pai mudando os cabelos,

O filho mudando os dentes.

Cordel Virtual:

http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=65284&pesq=

Fontes:

http://acordacordel.blogspot.com.br/2011/09/homenagem.html

https://memoriasdapoesiapopular.wordpress.com/tag/jose-alves-sobrinho/

http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0190-2.pdf

http://www.overmundo.com.br/overblog/encantou-se-um-grande-mestre-do-cordel-e-da-cantor

http://www.ufcg.edu.br/prt_ufcg/assessoria_imprensa/mostra_noticia.php?codigo=9728

http://marcohaurelio.blogspot.com.br/2011/09/o-adeus-jose-alves-sobrinho.html

http://vozdepedra.blogspot.com.br/2011/09/pedra-lavrada-de-luto-jose-alves.html

http://apoesc.blogspot.com.br/2016/02/canta-o-poeta-na-vida-vida-de-quem-nao.html

Pesquisador: José Paulo Ribeiro, e-mail: zepaulocordel@gmail.com.

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