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Data de publicação do verbete: 21/02/2023

Geraldo Correia

Além de virtuoso tocador de sanfona de 8 baixos, Geraldo era especialista em choros, e também um grande compositor.
Data de publicação: fevereiro 21, 2023

Naturalidade: Distrito de Galante em Campina Grande – PB

Nascimento: 15 de janeiro de 1926 // Falecimento: 13 de setembro de 2020

Atividade Artístico-Cultural: Instrumentista (sanfona)

Discos Lançados: 14

Geraldo Correia, esse era o nome artístico de Geraldo Bispo Antero. Inspirado pelo próprio irmão, Severino, começou a tocar sanfona de 8 baixos aos 12 anos de idade e recebeu o nome artístico de “Correia” depois que esqueceu a correia da sanfona em casa quando foi se apresentar em uma rádio em Pernambuco, em 1954.

Além de virtuoso tocador de sanfona de 8 baixos, Geraldo era especialista em choros, e também um grande compositor, sua sanfona afinada por ele mesmo, tem um som inconfundível, que segundo o seu amigo, o saudoso Domiguinhos, lembrava muito o do clarinete. Durante os oito anos que viveu entre o Rio de Janeiro e São Paulo, gravando pela gravadora Cantagalo, a lendária gravadora de Pedro Sertanejo, e tocando em diversas casas de forró.

Começou a tocar na feira de sua cidade natal, quando ainda era criança, e logo se enturmou com os músicos locais como o trompetista Porfírio Costa que integrou a Orquestra Tabajara, e com quem aprendeu a tocar choro. Em Campina Grande foi companheiro de boemia de artistas como Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda e Rosil Cavalcanti, entre outros. Chegou a acompanhar a cantora Marinês em começo de carreira, em apresentações na rádio Cariri.

Geraldo também fez apresentações musicais nas rádios Borborema e Caturité, ambas na Paraíba, e na rádio Tamandaré e Clube, em Pernambuco. Depois passou um tempo entre as cidades de Recife e Campina Grande, recebeu uma carta do compositor Antonio Barros, assim foi para o Rio de Janeiro. Em 1964, contando com a ajuda de outros amigos artistas como Genival Lacerda, gravou pelo selo Polydor, da gravadora Philips, seu primeiro LP, intitulado “Um baixinho e seus oito baixos”.

Com produção de João Melo e um repertório instrumental com composições de sua autoria, como “Forrobodó”, “Castigando o fole”, “Saudades do eu baião”, “Lembrança do meu sertão” e “Adeus Campina Grande”. No Rio de Janeiro conviveu com grandes nomes da música instrumental: fez serenatas com Abel Ferreira, tocou na casa do trombonista Raul de Barros e conheceu o maestro Moacyr Santos.

Em 1965, também pela Polydor, lançou o LP “A volta do baixinho”, que contou com as participações dos instrumentistas Meira e Dino Sete Cordas, que apresentou choros, arrasta-pés e rojões, além de duas valsas “Saudade de Nena” e “Zé Pretinho no forró”, parcerias com o paraibano Manoel Serafim. Em 1973, lançou pelo selo Tropicana/CBS o LP “Forró em Cajazeira”.                                         

Em 2014, o mestre dos 8 baixos, Geraldo Correia foi homenageado no Encontro de Sanfoneiros do Recife no Teatro de Santa Isabel. Em 2018 foi novamente homenageado no 2º Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Fole de Oito Baixos, realizado em Campina Grande. Entre as homenagens esteve Zé Calixto e toda a família dos Calixto, além dos sanfoneiros Manoel Tambor e Cabral. O encontro almejou ainda difundir e aliar a música da sanfona e do fole de oito baixos aos eventos culturais em toda região da Paraíba, destacando-as como das mais importantes atividades culturais do Brasil.

No dia 13 de setembro de 2020, Geraldo Correia faleceu aos 94 anos de idade, em sua cidade natal, Campina Grande. Se tornando uma figura lendária da sanfona de oito baixos, arredio, Geraldo era considerado um homem de poucas palavras, afastado da atividade profissional mais intensa desde a década de 80, poderia bem ser etiquetado como o “João Gilberto” da sanfona de oito baixos.

Totalmente avesso às badalações e em contrapartida ao seu isolamento é um dos sanfoneiros  mais influentes na história da música nordestina, não apenas devido a interpretação técnica e vigorosa, que já suscitou elogios de músicos como Oswaldinho e Domiguinhos, bem como pelo conjunto de sua obra, composto por choros, forrós, valsas, arrasta-pés, baiões e até mesmo merengues que fazem parte do repertório de muitos sanfoneiros.

                                                                                                                                      Jonas dos Santos

Referências                                                                                                                                              https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2020/09/13/sanfoneiro-geraldo-correia-morre-aos-94-anos-em-campina-grande.ghtml

https://www.redegn.com.br/?sessao=noticia&cod_noticia=136732

https://sanfonade8baixos.blogspot.com/2011/01/geraldo-correia-um-baixinho-e-seus-oito.html?m=1