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Data de publicação do verbete: 19/07/2016

Gabmar Cavalcanti

Multi-instrumentista, arranjador e maestro. Uma referência musical no cenário cultural paraibano. De ouvido aguçado, desenvolveu uma técnica diferenciada na música.
Data de publicação: julho 19, 2016

Naturalidade: Campina Grande – PB

Nascimento: 17 de julho de 1943 / Falecimento: 01 de maio de 2016

Atividades artístico-culturais: Multi-instrumentista, arranjador e maestro.

Gabmar Cavalcanti desde cedo se interessou pela música. Começou com a mãe, que tocava bandolim. Aos três anos de idade perdeu a visão, devido a um glaucoma, e no mesmo período começou a dedilhar no piano de sua casa. O menino Gabmar tinha uma audição muito aguçada e era insistente, aprendeu sozinho, não teve aulas de música. As tentativas aconteciam após o término das aulas de sua irmã Alba Cavalcanti, ele ficava do seu lado, atento, e ao final, corria para tentar reproduzir as músicas tocadas por ela, desse modo ia se familiarizando com o instrumento.

O artista ganhou do pai sua primeira sanfona. Pequena e compatível com o tamanho de um menino de quatro anos, que sozinho, tentava, errava, e insistia até conseguir as notas e acordes, etc. Gabmar sempre muito persistente e dedicado. E foi assim também com os outros instrumentos: a sanfona, piano, guitarra, flauta e o violão. Ele chegou a tentar tocar até bateria. E se tornou um excelente músico prático que superou sua deficiência visual, aprendeu mais de um instrumento.

Com 17 anos assumiu o posto de pianista da Radio Borborema de Campina Grande (PB). O artista relembra, “Em 1960, ao voltar de João Pessoa onde havia concluído o primário no Instituto Adalgisa Cunha, e com a saída do meu irmão Ogírio Cavalcanti do Casting de artistas contratados da Rádio Borborema. Eu assumi o posto de pianista daquela emissora, iniciando assim, a minha vida profissional”.

O multi-instrumentista sempre recebeu total incentivo da família. Gabmar relembra que um de seus irmãos o levou para se apresentar em um concurso de calouros aos dez anos de idade no Rio de Janeiro (RJ). Juntamente com o mesmo irmão começou a tocar profissionalmente.

Por mais de 30 anos, os dois estiveram na mesma banda, intitulada Conjunto de Baile Ogírio Cavalcanti, o grupo leva o nome do seu fundador, o irmão de Gabmar, que também era cego. Eles viajavam pelo Nordeste do país fazendo inúmeras apresentações, a peculiaridade do grupo era a excelente equipe de instrumentistas que, aliados ao dom vocal da cantora Kátia Virgínia, esposa do músico, proporcionavam um repertório inigualável, chegando a ser comparado às grandes bandas americanas.

Gabmar e Kátia se conheceram no grupo, se casaram, e unidos, eles viviam ligados pelo amor, companheirismo e a musicalidade. Juntos faziam música comprometida com a arte, ultrapassando o tempo e gerações. Ficaram conhecidos como um casal virtuoso, talentosos e respeitados profissionalmente, na cidade de Campina Grande, e em toda a Paraíba.

O artista no início de sua carreira recebeu influências do Rei do Baião, “Cronologicamente, diria que Luiz Gonzaga foi a minha primeira e grande influência. Depois, a música erudita, exerce sobre mim uma enorme atração. Diria melhor: A música bem elaborada me influência sobre maneira”. Enfatiza Gabmar.

Segundo o músico, na primeira metade dos anos de 1950, ele foi virtualmente enfeitiçado pela suíte sinfônica “Sheherazade”, do Korsakov, através de uma velha gravação do grande maestro Stokowski. Foi, para mim, a porta de entrada para a apreciação deste gênero musical. Por volta de 1958, com o aparecimento do primeiro disco do João Gilberto, o meu aprendizado harmônico no que diz respeito à música popular, tomou um grande impulso.

Gabmar destaca, “A minha formação musical pode ser definida como essencialmente prática. Tive, apenas, algumas aulas de teoria musical na minha infância. Hoje, quase tudo que sei sobre a arte, me veio devido a minha observação e análise dos fatos musicais que escuto”.

O artista cursou três períodos do curso de Direito, mas teve que abandonar a comunidade acadêmica por conta da profissão, sempre gostou das coisas ligadas à eletrônica. Gabmar exemplifica o “rádio”, que segundo ele, era seu principal divertimento.

Nos anos de 1990 deixou O Conjunto Ogírio Cavalcanti, mas não abandonou a música, continuou a se apresentar junto com sua esposa Kátia Virgínia até o fim de sua vida, em suas horas vagas o rádio era seu fiel companheiro, acompanhava o noticiário. O seu hobby era o radioamadorismo. Gabmar foi radioamador (PR7 G A), desde o ano de 1965. E realizou o sonho do próprio estúdio de gravação, na sua terra natal, “O Solo Stúdio”, de propriedade da família. Gravou os principais músicos locais, incluindo a sua esposa cantora, Kátia Virgínia, que em 2002, lançou o primeiro CD “Dever de Cantar”. O disco foi produzido, arranjos e gravação, por Gabmar e o filho do casal Álisson Teles,

Gabmar desenvolveu uma técnica diferenciada na música, e juntamente com Kátia Virgínia, se tornou referência musical no cenário cultural paraibano e apresentando-se em vários festivais culturais pela região.

O Maestro desabafa “Acho que talvez o principal empecilho que a minha deficiência me impôs, foi o de não ter podido estudar música como deveria. Sempre sonhei em poder reger uma grande Orquestra, em poder interpretar as grandes obras dos nossos grandes mestres. Infelizmente não pude! Esta é a minha maior frustração! Na minha família, além de mim, apenas o Ogírio, meu irmão, é deficiente visual”.

No dia 11 de outubro de 2007 o artista participou de um momento muito importante e emocionante da sua carreira. Na oportunidade foi gravada a nova versão do Hino de Campina Grande, em comemoração ao aniversário da cidade. Na interpretação a cantora Kátia Virgínia, com arranjos de Gabmar Cavancanti. As imagens foram captadas no estúdio do casal de músicos, além de diversos pontos turísticos da maior cidade do interior do Nordeste. O clip foi produzido pela equipe da TV Itararé de Campina Grande, e produzido pelo ator, autor e produtor teatral Saulo Queirós.

Gabmar Cavalcanti morreu aos 72 anos, em maio de 2016, em consequência de complicações causadas por um câncer que teve no ano anterior (2015), deixando a esposa, três filhos, quatro netos, e quatro irmãos. O maestro eternizou-se na memória de seus fãs e habitantes da cidade de Campina Grande, conhecida como a Rainha da Borborema.

Fontes:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/05/1771448-mortes-musico-de-ouvido-agucado-nunca-teve-aulas.shtml

http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/usuarios/gabmar.html

http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2016/05/morre-em-campina-grande-o-musico-gabmar-cavalcanti.html

http://cgretalhos.blogspot.com.br/2016/05/memoria-audio-fotografica-gabimar.html#.V47SdLiAOko

http://cgretalhos.blogspot.com.br/2016/05/memoria-fotografica-o-grupo-ogirio.html#.V4Z-T1QrKM8

http://www.ritmomelodia.mus.br/2006/06/01/gabmar-cavalcanti-e-katia-virginia-2/

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