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Data de publicação do verbete: 29/06/2016

Deodato Borges

Quadrinista, roteirista, jornalista e radialista. Um dos pioneiros do HQ na Paraíba, e um dos maiores do Brasil. Criou “Flama”, um dos primeiros heróis dos quadrinhos brasileiros.
Data de publicação: junho 29, 2016

Naturalidade: João Pessoa – PB, 1934

Falecimento: João Pessoa – PB, 25 de agosto de 2014

Atividades artístico-culturais: Quadrinista, roteirista, jornalista e radialista.

Premiação: XV Prêmio Angelo Agostini – Academia Brasileira de Arte (São Paulo, 1998).

Deodato Traumaturgo Borges nasceu na capital paraibana, e aos 10 anos se mudou para Campina Grande (PB) , e viveu por muitos anos na Rainha da Borborema, onde descobriu seu talento e gosto pelo jornalismo. Também escrevia crônicas, e era chamado “o Mago do Rádio”.

Um dos maiores quadrinistas do Brasil. Considerado um dos pioneiros das histórias em quadrinhos na Paraíba, e o seu personagem “Flama” foi um dos primeiros heróis dos quadrinhos brasileiros, segundo a Brasil Comic Com. Deodato é pai de  Mike Deodato Jr., também considerado um dos maiores quadrinistas do Brasil, ilustrador da Marvel e responsável por quadrinhos como “Os Vingadores”.

Deodato Borges ganhou destaque nos anos de 1960. Em março de 1963 lançou a primeira edição da revista “As Aventuras do Flama”, em padrão norte americano (17,5 x 25 cm), uma publicação com 40 páginas, com capa dura, e imagem preta e branca, em clichê, impressa em tipografia, com tiragem de 1.500 exemplares, 40 páginas e capa em duas cores.

A revista é a referência mais antiga que se tem dos quadrinhos na Paraíba. “Flama” é considerado o primeiro gibi paraibano, com cinco edições publicadas. E surgiu como uma propaganda da série de rádio homônima, uma radionovela policial, comandada por Borges, na época, um jovem de 25 anos, chefe das emissoras associadas, e apresentava um programa que agradava os ouvintes adultos e crianças, transmitida diariamente pela ZY07 – Rádio Borborema (que funcionava no Edifício São Luiz), no centro de Campina Grande, em 1961.

A Hora do Flama fez muito sucesso na década de 1960, e era na verdade um concorrente de outro programa também de aventuras “Jerônimo, O Herói do Sertão”, retransmitido pela Radio Jornal do Comércio de Recife (PE), e seguia a mesma receita de todos os programas do gênero, com seus fã-clubes, carteirinhas do Clube do Agente Secreto do Flama, que tinham livre acesso às dependências do auditório da Rádio, com sorteio de brindes, prêmios, etc…

O programa era constituído de um narrador e fazia distribuição de brindes com os ouvintes, principalmente o Drops Dulcora e outros produtos (doces e balas) da Nestlé, com patrocínio local da empresa O Mundo dos Chocolates. As Aventuras do Flama ia ao ar de 2ª a 6ª, às 13:00, chegando a mais de 2.200 capítulos… E logo angariou uma legião de fãs, e tornou-se um grande sucesso da época. Para  se ter ideia, ao término do capítulo em que a revista foi anunciada, centenas de crianças invadiram a emissora.

Para criar o Flama, Deodato inspirou-se em dois personagens: Jerônimo, o Herói do Sertão, criado em 1953 por Moysés Weltman para a Rádio Nacional; e O Espírito (The Spirit), de Will Eisner. Como quase todos os programas de aventuras do Brasil, Flama terminou também em quadrinhos.

O personagem, evidentemente, apresentava traços físicos do seu criador, como seu bigodinho típico… Foram lançadas cinco edições, hoje sem qualquer exemplar para registro, além de algumas páginas de acervos documentais.  Consta que foi impresso nas oficinas do “Diário da Borborema”, e a primeira edição da revista foi vendida como encarte do “Sesinho”. Na apresentação da primeira edição de As Aventuras do Flama, na página 5, no Bilhete dos Leitores:

“A revista que vocês estão começando a ler, neste momento, é um relato completo das minhas mais emocionantes aventuras, demonstrando, através das histórias em quadrinhos, que o crime não compensa e que, onde quer que haja um criminoso, aí estará um defensor da Lei, lutando para que se faça justiça.”

Ainda na década de 1960, além de atuar na Rádio Borborema de Campina Grande, Deodato foi diretor geral dos Diários Associados de Pernambuco, e dirigiu TV, rádio e o jornal Diário de Pernambuco, o mais antigo em circulação na América Latina. Aos domingos escrevia a coluna Deogracinhas, com piadas. Com sua mudança para o Recife, para dirigir a Rádio Clube, Deodato levou consigo o Flama, mas, sem tempo, deixou de produzir a HQ.

De volta a Paraíba, em 1973, tornou-se editor de cultura do jornal O Norte, em João Pessoa, no qual introduziu as tiras de quadrinhos. Deodato foi diretor da Rádio Tabajara da Paraíba, por duas vezes, a primeira vez em 1991, no governo de Ronaldo Cunha Lima, a segunda em 2006, no governo de Cássio Cunha Lima. “Déo” (assim era chamado, de forma carinhosa, pelos funcionários da emissora, e amigos mais próximos), também exerceu a função de Secretário de Comunicação da Paraíba. Atuou na Rádio Correio, em agências de publicidade, e em quase todos os jornais da Paraíba, e TV.

Além de criar o Flama, Deodato foi um grande fomentador dos quadrinhos no Estado da Paraíba. Na década de 1980, produziu ao lado do filho Mike Dodato uma história em quadrinhos de ficção científica pós-apocalíptica, “3000 anos depois”, e outra educativa, “A História da Paraíba em quadrinhos”, na programação do 4º Centenário da Paraíba.

Deodato Borges é considerado uma lenda dos quadrinhos brasileiros. Pelo seu pioneirismo, recebeu o XV Prêmio Angelo Agostini, na Academia Brasileira de Arte (São Paulo, 1998). Ele mantinha na Internet os sites Porto do Capim, Riso, Brasil! e Bloco de Notas.

Em 2014, o quadrinista, que vivia há bastante tempo em João Pessoa, era um dos convidados do Brasil Comic Com, juntamente com seu filho Mike Deodato, na ocasião, Deodato contaria um pouco de sua trajetória e falaria sobre o futuro do Flama, herói criado em 1960, e que está sendo revitalizado por seu filho, porém, poucos meses antes da realização do evento, o quadrinista, aos 80 anos de idade foi a óbito no dia  25 de agosto de 2014, durante uma sessão de hemodiálise, em que Deodato teve duas paradas cardíacas. Segundo a nora do artista Ana Paula Falcão, ele havia sido diagnosticado com câncer no sistema urinário e já havia realizado uma cirurgia para retirar um dos rins dias antes de seu falecimento.

O filho de Deodato Borges Mike Deodato Jr. tinha o pai como referência, e informou sobre a morte do artista, nas redes sociais. “O Flama morreu”, publicou em uma mensagem curta, simples, mas muito significativa e triste. Mike Deodato chegou a anunciar um tempo atrás que promoveria um retorno do Flama, com roteiros do jornalista Rodrigo Salem. É uma pena que seu pai não possa ver esse grandioso retorno.

O quadrinista está sendo homenageado em uma exposição virtual do Zine Brasil no Facebook. Diariamente são  postados desenhos do Flama enviados por artistas profissionais e amadores. Entre essas artes, algumas assinadas por Mike Deodato Jr. Para acompanhar a exposição é só clicar Universo HQ.

Nota: As fontes divergem quanto ao local do nascimento do artista, algumas citam João Pessoa, enquanto outras, Campina Grande, ambas as cidades estão localizadas na Paraíba.

Fontes:

http://www.animexis.com.br/2014/05/09/criador-heroi-flama-deodato-borges-confirma-presenca-brasil-comic-con/

http://hqquadrinhos.blogspot.com.br/2014/08/flama-de-deodato-borges.html

http://artesvisuaisparaiba.com.br/artistas/deodato-borges/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Deodato_Borges

A arte e os artistas da Paraíba, Elinaldo Rodrigues, FMC, 2001; catálogo Quadrinhos da Paraíba: 30 anos de história, A União, 1993]

http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2014/08/morre-aos-80-anos-o-quadrinista-deodato-borges-criador-do-flama.html

http://www.dinamo.art.br/noticia/aos-80-anos-morre-quadrinista-deodato-borges-criador-do-flama/

http://www.agendaparaiba.com/morre-deodato-borges-de-luto-o-radio-e-o-jornalismo-paraibanos/

http://rollingstone.uol.com.br/noticia/morre-deodato-borges-quadrinista-criador-do-personagem-flama/

http://issuu.com/scanscomics/docs/catalogador_0

 

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