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Data de publicação do verbete: 19/11/2016

Comunidade Quilombola do Sítio Matão

Nos primórdios a comunidade era conhecida como “Pirauazinho dos Negros”. Em sua trajetória histórica teve suas terras diminuídas e sua população aumentada.
Data de publicação: novembro 19, 2016

Município: Gurinhém – PB

Distância até a capital: 76 km

Certidão da Fundação de Palmares: 17/11/2004

População: 32 famílias

A comunidade rural de Matão se auto reconhece um remanescente quilombola. Tal reconhecimento é construído historicamente a partir das relações sociais que separam os membros da comunidade de todos os outros sujeitos (vizinhos diretos) ou moradores de (outros lugares) com quem entram em interação.

A identidade dos membros da comunidade em termos de sua unidade étnica rural baseia-se em sua origem a partir de um ancestral negro livre que, há cerca de seis gerações, se estabeleceu na localidade.

Manoel Rufino, escravo liberto, dono de grande extensão de terra e de gado, homem rico e figura de autoridade sobre seus parentes, e que chega à localidade, acompanhado por um irmão, Antônio Grande e uma irmã, Edwiges. Seu irmão casou-se e foi morar em outras terras, e sua irmã morreu sem casar ou deixar filhos.

A imagem de Manoel Rufino como fundador é sustentada não apenas pela sua riqueza de homem possuidor de gado, mas também sua imagem de homem trabalhador e sua autoridade diante dos outros habitantes.

A denominação “Matão” refere-se ao fato de a localidade ser coberta por grande mata fechada à época da chegada dos primeiros moradores. Entretanto, nos primórdios a comunidade era conhecida como “Pirauazinho dos Negros”, em razão das relações estreitas de seus moradores com a Fazenda Pirauá.

As relações de trabalho as quais eram submetidos os moradores de Matão, como muitos outros da mesma região, os obrigavam a negociar apenas com os donos das terras nas quais eles plantavam. O contrato implicava numa dívida moral que lhes exigia uma fidelidade extensa, não lhes permitindo contrabalançar comparando-o a outros que oferecessem os mesmos produtos do mercado.

Estes ofereciam as condições necessárias ao plantio e manutenção do roçado e o trabalhador ficava obrigado a lhe vender a produção, venda esta que acontecia nas condições determinadas pelos fazendeiros. O pagamento dos empréstimos era muitas vezes realizado com a colheita, aumentando a dependência do trabalhador para o financiamento da safra seguinte.

Em sua trajetória histórica, a comunidade teve suas terras diminuídas e sua população aumentada. Seus membros, que guardam uma tradição de trabalho agrícola familiar, sempre dependeram do trabalho sob o regime de aforamento, em terras de fazendeiros vizinhos, as quais, entretanto, foram sendo paulatinamente desabilitadas ao seu trabalho agrícola em função do avanço da pecuária na região.

Isso faz com que a comunidade, através de migrações permanentes, temporárias ou da busca por trabalhos no meio urbano durante os dias de semana, afaste-se do mundo rural. Em sua maioria, os homens trabalham na construção civil na capital do estado, João Pessoa.

Fontes:

http://quilombosdaparaiba.blogspot.com.br/2013/05/informacoes-sobre-comunidade-quilombola.html

http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364757698_ARQUIVO_memoriaehistoriaemmata

o_vanessaesouza.pdf

http://www.clickpb.com.br/paraiba/comunidades-quilombolas-sao-beneficiadas-com-decretos-de-desapropriacao-de-terras-na-pb-167038.html

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