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Data de publicação do verbete: 23/09/2015

Anita Garibaldi de Sousa

A artesã produz peças, através da técnica popular da boneca de pano. Anita também é cordelista. Ela lançou “O Cordel na Guerra”.
Data de publicação: setembro 23, 2015

Naturalidade: Sertão Paraibano

Técnica Artesanal: Técnica Popular – Boneca de Pano

Matéria-prima: Tecidos, agulhas e linhas.

Peças Produzidas: Brinquedos populares (Bonecas de Pano).

Contatos: (83) 3337-2965 (mãe) / 3337-3342

Nascida no Sertão da Paraíba, na última cidade, que não consta no mapa do Brasil. Chama-se Distrito Federal, e somente as pessoas que trabalhavam no Dnocs – Departamento Nacional de Obras Contra Seca – moravam lá. As casas são todas pintadas de amarelo. E lá ela brincava de casinha, fazendo bonecas. Aprendeu olhando as primas. As duas avós também faziam bonecas e a mãe é costureira. Elas sentavam embaixo da máquina e ficavam pegando os retalhos que caíam, e faziam as bonecas.

Faziam casinhas de boneca e brincavam como se fosse da sua família. Tinha o pai, a mãe, os irmãos, as tias. Elas criavam histórias onde viviam e morriam muitos bebês novinhos e, como as bonecas imitavam as situações vistas, faziam até enterros com os nenês. Existiam vários personagens. Faziam, por exemplo, a tia que viajava e, quando chegava, trazia uma mala de roupas. E elas costuravam as roupas que a tia trazia. E isso era real, pois ela tinha uma tia que morava no Rio de Janeiro e chegava de lá com uma mala de roupa.

O irmão fazia caminhões e carros para a família viajar. Quando os meninos (na brincadeira) tinham que ir para escola, elas faziam as fardas; para irem para igreja ou festas e faziam roupas apropriadas.

Mas um dia a família teve que ir embora do Sertão para Campina Grande. As primas foram procurar um jeito de ganhar a vida. Algumas foram para São Paulo e trabalharam em fábricas de roupas. Nenhuma quis continuar fazendo bonecas. Uma delas inclusive morreu em São Paulo e Anita ficou com medo de ir para lá. Ela foi a única que continuou fazendo bonecas. Ia fazendo, sem saber que um dia venderia e viveria disso.

Anita fazia e doava as suas bonecas. Se tinha uma festa de aniversário e a pessoa não sabia o que dar, ela logo fazia uma boneca para a pessoa dar de presente. Ela não acreditava nunca que suas bonecas estavam boas. Até que um dia uma pessoa perguntou: “Se eu encomendar uma boneca você faz para eu comprar?”. E ela disse que fazia e então pensou que pela primeira vez iria vender uma boneca. A pessoa perguntou quanto era, mas ela não tinha ideia de quanto seria e então disse que desse qualquer coisa. Desse dia em diante, a história das bonecas foi passando de um amigo para outro, até que todo mundo começou a querer comprar as sua bonecas.

A artesã faz muitos personagens. Ela afirma que às vezes vai dormir pensando em uma boneca e no dia seguinte, cria. Só que acontece de alguém pedir uma bailarina, por exemplo, e quando ela vai fazer a encomenda acaba saindo outra boneca. Hoje em dia ela percebe que precisa desse dinheiro, e que depende dele para comprar alguma coisa.

Às vezes, ela vê uns personagens em livros ou filmes e gosta daquelas roupas. Uma vez viu um filme “cheio de coisinhas”, chamado “Adeus minha Concubina” e fez um boneco daqueles, de um personagem que canta. E em um livro de História também viu coisas que gostou. Mas no programa de artesanato da Paraíba, ela precisa fazer gente com características do povo nordestino só que nem sempre faz.

Anita afirma que os bonecos trazem alguma história da pessoa. As bonecas dela são únicas. Ela já fez bonecas das três ceguinha cantadoras de Campina Grande e já fez uma boneca da atriz de cinema Sophia Loren.

Tem muitas coisas que Anita fez quando era criança sem saber que tinha valor e, hoje, já adulta, as pessoas valorizam. Na infância, saía com o pai para tomar banho no açude e, no caminho, brincava de tocar pente. Ela tirava o pente do bolso dele e usava umas folhinhas fazendo aquilo virar música.

Há pouco tempo, teve a ideia de fazer uma banda do pente. Ela também gosta de fazer literatura em cordel. Fez um cordel da guerra que aconteceu com Sadam Hussein, no Iraque, só que no cordel dela, a guerra começa no Iraque e termina em Campina Grande. Quando chega em Campina Grande a guerra se acaba, porque o jacaré do açude engole a bomba e a guerra termina. O lançamento foi “O Cordel na Guerra”, a exposição das bonecas e a banda de pente. Em relação ao nome da banda, ela sugeriu que fosse São Gonçalo Jazz Pent. As pessoas com cultura foram pesquisar e viram que São Gonçalo era um santo um pouco profano, era o santo casamenteiro das prostitutas. E a dança é agitada, quando toca todo mundo começa a dançar. Por isso, o padre não quis que a banda dela tocasse na Igreja.

Há 20 anos que a artesã produz peças, através da técnica popular da boneca de pano. Por meio do artesanato, Anita conseguiu atingir diferentes públicos, entre eles: clientes de São Paulo; Rio de Janeiro; Fernando de Noronha e cidades da Paraíba. Com a criatividade e cuidado na confecção, a artesã produz brinquedos como bonecas e bonecos, palhaço, o perna-de-pau, a bailarina, o pipoqueiro. Tecidos coloridos e produtos específicos, a exemplo do algodão naturalmente colorido, também servem de matéria-prima para a confecção das bonecas, adquiridas até por adultos.

 

Fonte:

http://www.acasa.org.br/biblioteca_texto.php?id=47

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